Presidente do Eurogrupo garantiu que o tema da futura presidência não fez parte da reunião, por videoconferência.
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A poucas semanas do fim do mandato, Mário Centeno não se mostra preocupado com o futuro pessoal. Por agora diz-se "focado" na crise.
Mário Centeno garantiu esta sexta-feira que o tema da futura presidência do Eurogrupo não fez parte da reunião, por videoconferência. O encontro com os ministros das Finanças da zona euro tinha a finalidade de debater as opções da União Europeia em resposta à crise provocada pela pandemia, e é nisso que diz estar focado.
"Como podem imaginar há muito trabalho a fazer por agora, e eu estou focado nas minhas funções, o que como qualquer um pode entender é extremamente exigente, nestes tempos de crise", afirmou, na conferência de imprensa final, na qual respondeu às perguntas dos correspondentes de Bruxelas. "E, este é o meu único foco, por agora", garantiu a todos, numa altura em que o seu mandato se aproxima do termo.
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A sucessão ou a continuidade de Mário Centeno no cargo de presidente do Eurogrupo já é tema de discussão nos meios diplomáticos de Bruxelas. Mas, o português garante que ainda não pensou no assunto.
"O meu mandato termina a 13 de julho. A decisão para a substituição do presidente do Eurogrupo deve ser tomada o mais tardar na reunião de julho. É essa sequência que temos em perspetiva", afirmou esta sexta-feira, no final da reunião, em que o tema "não foi tratado". E, por isso, Centeno também não abriu o jogo, quando foi questionado pela imprensa.
"Tomarei e comunicarei entretanto a minha decisão sobre se concorro a um segundo mandato e isso ainda não aconteceu", vincou. Mas, o assunto não foi levado à sala de imprensa, por mero acaso.
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O sururu do dia, em Bruxelas foi um artigo publicado no jornal alemão Frankfurter Allgemeine sobre a "renuncia" de Mário Centeno a um novo turno na presidência do Eurogrupo, no qual se afirma que "o português de 53 anos, já não quer candidatar-se a um segundo mandato".
A razão por trás da suposta decisão é a "sensação de cansaço com a sobrecarga de trabalho", com o part-time que acumula com a função principal de ministro das Finanças. Mas, o jornal não se fica por aqui.
"Vários ministros das Finanças estão cada vez mais insatisfeitos com a gestão de Centeno", acrescenta o jornalista, citando fontes anónimas que apontaram para a "fraca preparação" do português, o qual "ao contrário do seu antecessor, é incapaz de liderar as discussões e procurar compromissos". O holandês Jeroen Dijsselbloem foi "o antecessor" de Centeno.
O tom confidencial e crítico prossegue, com referência ao "exemplo mais recente", da videoconferência do Eurogrupo na noite de 8 de abril, "na qual os ministros discutiram infrutuosamente sobre um pacote de ajuda Corona ao longo de 16 horas".
"Um pesadelo", anota o jornal, mais uma vez citando "um diplomata", que relatou a forma como decorreu a reunião, coordenada por Centeno, a partir da Praça do Comércio, em Lisboa, na ministério das Finanças.
"Os portugueses interromperam repetidamente a sessão para discussões individuais e literalmente deixaram os outros participantes sentados no escuro durante horas", lê-se ainda no artigo do jornal alemão, muito critico, que atribui o mérito da solução de compromisso para um pacote de 540 mil milhões de euros "inteiramente à intervenção da chanceler Angela Merkel (CDU) e do presidente francês Emmanuel Macron".
Esta noite, no inicio da conferência de imprensa, Mário Centeno deixou subentendida uma resposta ao artigo do Frankfurter Allgemigne, esclarecendo que "aquela reunião preparou o terreno, para reuniões mais rápidas e mais operacionais, como foi a de hoje", pois "reuniões longas preparam o caminho para grandes decisões".
Quando foi eleito a 04 de dezembro de 2014, Mário Centeno afirmou à TSF que uma das principais marcas que pretendia deixar enquanto presidente do Eurogrupo é a de "gerador de consensos".