Centro oncológico do Algarve não avança, segue a PET: dois mil doentes por ano deixam de ir a Sevilha
Dentro de pouco mais de um ano, os doentes oncológicos do Algarve poderão deixar de se deslocar a Sevilha
Corpo do artigo
A Câmara Municipal de Loulé, a Unidade Local de Saúde (ULS) do Algarve e o ABC - Algarve Biomedical Center uniram vontades para equipar a região do equipamento que faltava para fazer o diagnóstico mais preciso do cancro: a PET (Tomografia por Emissão de Positrões) que permite detetar e localizar reações bioquímicas associadas a doenças oncológicas e fazer um diagnóstico mais preciso.
Para fazer esse exame, os doentes são obrigados a deslocar-se habitualmente a Sevilha, fazendo mais de 300 quilómetros, numa situação física e psicológica muito fragilizada.
Esta decisão surge após já ter sido afastada a possibilidade de construir o Centro Oncológico de Referência do Sul (CORS).
Depois de muitas vicissitudes, nomeadamente após a Câmara Municipal de Loulé ter cedido um terreno na zona do Parque das Cidades, que foi pequeno para o projeto apresentado, de haver apenas oito milhões de fundos comunitários para avançar com a iniciativa quando ela custava 23 milhões, a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, afastou essa intenção, afirmando que o que faltava em termos oncológicos na região teria de esperar até que fosse construído o novo hospital.
E o que falta com mais premência em termos oncológicos, na opinião do presidente do conselho de administração da ULS, é um equipamento de PET, porque os doentes a quem foi diagnosticado cancro já podem fazer tratamentos de quimioterapia e radioterapia na região.
O presidente da autarquia de Loulé acredita que, dentro de pouco mais de um ano, este equipamento pode estar a funcionar. “A Câmara de Loulé, mais uma vez, está a dar um passo em frente e a dizer 'nós queremos ajudar, nós estamos do lado da solução'”, assegura Vítor Aleixo.
O centro oncológico previsto, com todas as valências, iria custar 23 milhões de euros, mas este equipamento, apenas para a PET, não vai além dos três milhões e meio de euros, financiado em 60% por fundos comunitários, sendo os restantes 40% e o edifício pagos pela Câmara Municipal de Loulé.
Tiago Botelho, presidente do conselho de administração da ULS do Algarve, garante que a ministra da Saúde já deu o aval a esta solução e considera que, para os doentes oncológicos, será uma mais-valia: "Nesta altura é a única valência que faz os doentes deslocarem-se a 300 quilómetros para fora do Algarve."
O projeto ainda precisa de concorrer aos fundos comunitários, mas a ULS acredita que terá o aval positivo e no final do último semestre do próximo ano os doentes oncológicos do Algarve poderão deixar de se deslocar a Sevilha para fazer um diagnóstico de cancro mais preciso. Por ano, a ULS Algarve enviava para Espanha dois mil doentes e gastava centenas de milhares de euros.