Centros não conseguem dar resposta. Lei do abate "não resolve e traz constrangimentos"
O município de Marco de Canaveses está no top três dos que registaram mais abates de animais em 2019.
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A presidente da Câmara Municipal do Marco de Canaveses diz que a lei que proíbe o abate de animais nos canis só trouxe mais constrangimentos. De acordo com a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária, este município está no top três dos que registaram mais de cem abates de animais em 2019, já com a lei em vigor.
Cristina Lasalete Vieira sublinha que a autarquia recolhe animais de outros concelhos e o abate só acontece em situações muito específicas. "Só fazemos abates quando é extremamente necessário, falamos de animais acidentados, animais doentes que são abandonados e que quando os encontramos estão tão mal que nem podem ser reabilitados ou que são violentos."
"Segundo os últimos dados de 2019, os eutanasiados foram 116, como consta no relatório da DGAV. Já em relação aos animais adotados, o relatório indica 117. Mas a Animarco, que trabalho diretamente connosco nas adoções, no ano passado, registou 300 adoções, e este ano, até setembro, já são 200", adianta.
Esta manhã, o bastonário da Ordem dos Veterinários afirmou, na TSF, que a lei que proíbe o abate de animais nos canis não resolveu o problema da superlotação nos centros de recolha animal. A autarca do Marco de Canaveses acrescenta que os constrangimentos são ainda maiores, os centros de recolha não têm capacidade de resposta.
"A lei não resolve e traz-nos constrangimentos, porque se não pudermos abater cães, mesmo em situações extraordinárias, isso só vai significar que o número de cães vai aumentar. Nos últimos anos há cada vez mais pessoas a abandonarem animais e é um problema para as autarquias e para os centro de recolha oficiais", diz a autarca.
"Os nossos municípios vizinhos estão a realizar a candidatura no âmbito da comunidade intermunicipal, e o Marco de Canaveses tem sido sacrificado porque tem sido chamado para socorrer os municípios aqui ao lado. No período final da época de caça, há muito abandono. Queremos dar resposta a todos, mas não há condições. É um problema que não é só do Marco, mas a nível nacional", sustenta.
A solução tem passado por realizar campanhas de adoção de animais e por trabalhar em parceria com a Animarco, a maior associação de proteção de animais do concelho.