CGTP ataca Governo: "Ou é cego ou está a atirar areia para os olhos da população"
Em resposta ao ministro das Finanças, o secretário-geral da CGTP, Tiago Oliveira, aponta milhares de profissionais em falta e pede ao Governo que páre "de atirar culpas para cima dos trabalhadores" .
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O secretário-geral da CGTP acusa o Governo de ou ser "completamente cego no que diz respeito à realidade que hoje existe, ou aquilo que está a fazer é tirar areia para os olhos de todos nós".
Tiago Oliveira foi questionado pela TSF sobre as declarações do ministro do Estado e das Finanças que durante a audição no parlamento sobre a proposta de Orçamento do Estado para 2026 defendeu que seria "um erro e desperdício do dinheiro dos portugueses" continuar a aumentar o número de trabalhadores da Administração Pública.
Joaquim Miranda Sarmento considera que os serviços públicos não ficam melhores através da contratação de mais profissionais. Já o secretário-geral da CGTP aponta para números que diz serem "concretos e reais". "Nós já hoje no setor de educação, temos milhares de professores em falta. Nos próximos anos teremos uma classe docente com 10 mil professores em falta. No setor da justiça, teremos dentro em breve mil e quinhentos profissionais em falta. Portanto, aquilo com que o Sr. ministro devia estar preocupado, aquilo com que o Governo devia estar preocupado, aquilo com que o Primeiro Ministro devia estar preocupado, era em olhar para a administração pública e ver na administração pública a resolução para os problemas que existem no país. Não continuar a atirar para cima dos trabalhadores, para cima dos profissionais, as culpas da falta de resposta nos serviços públicos", acrescenta.
O sindicalista considera que "a falta de resposta dos serviços públicos acontece por falta de valorização dos profissionais, das suas valências, dos meios. Agora, estar constantemente a atirar para cima dos trabalhadores, a questão da responsabilidade, da falta de resposta, é de uma dimensão tão mesquinha que nós não podemos deixar passar isto ao lado".
Tiago Oliveira dá como exemplo o Serviço Nacional de Saúde para dizer que se tem falta de resposta não é por culpa dos profissionais de saúde, mas sim "por culpa do desinvestimento que tem acontecido ao longo dos anos". E deixa um desafio "este Governo tem que avaliar, de facto, para quem é que está a governar, para quem é que está a gerir, se está a gerir no sentido de dar uma resposta à altura das dificuldades e da realidade que hoje todos nós sentimos, ou se está à procura de encontrar um subterfúgio para continuar a seguir políticas de patrocínio, de valorização do setor privado, em detrimento do setor público".
Sobre a Greve da Função Pública cumprida esta sexta-feira, o secretário-geral da CGTP aponta para "um impacto bastante significativo. Com uma enorme adesão a nível nacional, principalmente entre os setores que são os setores estratégicos do Serviço Nacional de Saúde. No setor da educação, mas também no setor da administração local, da recolha dos resíduos, no setor da justiça, da Autoridade Tributária. Não há nenhum setor a nível nacional que tenha ficado sem sentir a presença, a adesão e a participação dos trabalhadores neste dia".
"Os números que nós temos de greve da participação dos trabalhadores, ronda os 80% a nível geral, com uma grande participação, obviamente, no setor da saúde, no setor da educação, uma grande participação no setor da administração local, e com participações muito significativas no setor da justiça, e portanto de todos os setores da administração pública", adianta o secretário-geral da CGTP.
