Colocado em Portimão, a 70 quilómetros de casa, passa todos os dias três horas na EN125 para não pagar as portagens da A22.
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Luís Vaz formou-se em 2001 pela Universidade do Algarve no curso de Biologia/Geologia - via Ensino. Sempre quis ensinar, mas a sua carreira tem tido muitas interrupções. "Regressei em 2009, mas depois chegou a Troika e fiquei novamente desempregado", conta.
Enquanto não conseguia colocação em qualquer escola deitou mão ao que aparecia. Foi barman, empregado de mesa e rececionista. Quando se apercebeu de que havia falta de professores nessa área, fez um curso na escola de Hotelaria para dar formação aos cursos profissionais. E assim fez esporadicamente. Este ano conseguiu voltar a lecionar a disciplina para a qual tirou o curso.
Mora em Faro, mas o melhor que arranjou este ano foi a colocação num agrupamento de escolas em Portimão, a cerca de 70 quilómetros de distância. Embora nesta altura o estabelecimento de ensino já lhe tenha atribuído funções a tempo inteiro, no início do ano letivo foi-lhe dado apenas um horário incompleto para lecionar.
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Em viagens, pela Estrada Nacional 125, perde diariamente cerca de três horas. Escolhe ir por esta via para não pagar portagens na A22. Queixa-se de que a precariedade o acompanha há demasiado tempo.
"São 20 anos de precariedade constante", afirma. "Chega a ser desgastante porque chega a junho e é o final do ano letivo, em julho não sabemos para onde podemos concorrer e em setembro não sabemos se temos segurança e trabalho", lamenta.
Este professor, com 44 anos, é dos mais novos da sua escola. Considera ser cada vez mais difícil continuar na profissão, sobretudo numa região onde o custo de vida é alto, nomeadamente o preço das casas." Continuo a ganhar o mesmo que em 2009", adianta.
Mesmo assim, espera um dia ficar efetivo. "É o que eu gosto de fazer", garante. Ensinar é a profissão que escolheu para a vida.