A comissão de avaliação deu parecer desfavorável. O projeto está na fase de audiência de interessados.
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A comissão de avaliação propôs a emissão de uma Declaração de Impacto Ambiental (DIA) desfavorável ao projeto da Iberdrola Renewables Portugal para uma central fotovoltaica no concelho de Tavira.
O projeto, com uma dimensão de 150 hectares, encontra-se agora na fase de audiência de interessados, ou seja, depois desta decisão, a Iberdrola pode ainda pronunciar-se ou eventualmente reformular o projeto. Mas tal como está, não pode avançar.
A comissão de avaliação considerou que a central fotovoltaica, que pretendia instalar 175 mil painéis solares, iria levar à erosão dos solos, prejudicar a paisagem e a biodiversidade e, nalgumas zonas, arruinar também a recarga do aquífero Peral-Moncarapacho, situado naquela zona do barrocal algarvio.
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Depois de saber da notícia, Sofia Palmeiro, da Associação Pró-Barrocal Algarvio (PROBAAL), que há dois anos luta contra este projeto, mostra ainda algumas reservas: afirma que só acreditará quando vir publicada pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA) a decisão do "chumbo". No entanto, não esconde a satisfação.
"Estamos muito contentes, para já com algumas reservas, mas não podemos duvidar da força que [tem] um grupo simples e reduzido de cidadãos, que se empenhou para lutar para que a lei se cumpra", constata à TSF.
Embora se pretendesse instalá-la no concelho de Tavira, a central fotovoltaica iria também abranger os concelhos de Olhão, S. Brás de Alportel e Faro.
Quando esteve em consulta pública, o projeto teve mais de 830 participações, mas apenas porque houve um trabalho continuado desta associação ambientalista.
"Ajudámos muitas pessoas que não tinham sequer acesso à internet", esclarece Sofia Palmeiro. "As populações à volta desta zona protegida são bastante mais idosas, não têm conhecimentos de tecnologia", adianta. Foi necessário trazê-las à aldeia e ajudá-las a fazer a participação.
Para alegar o chumbo do projeto, a comissão de avaliação considerou também que as medidas de minimização e compensação apresentadas pela Iberdrola para a central fotovoltaica não eram suficientes.
Desta comissão fazem parte, além da APA, entidades como a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve (CCDR-Algarve), o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) e a câmara municipal de Tavira.