Cibersegurança é uma das maiores preocupações no setor da saúde. Saiba como pode proteger-se
Hugo Nunes destaca, na TSF, o papel desempenhado pelo Estado, que já tem demonstrado "alguma preocupação", mas ressalva que os próprios utilizadores devem estar "conscientes" dos perigos da internet.
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A cibersegurança é nos dias de hoje um dos motivos de maior preocupação para quem trabalha na área da saúde, já que, nos casos mais extremos, um ataque informático pode ter graves consequências. Hugo Nunes, responsável de equipa de Intelligence da S21sec, em Portugal, identifica alguns comportamentos que ajudam a combater este tipo de ameaças.
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Em agosto, o Serviço Regional de Saúde da Madeira, o Sesaram, sofreu um ataque informático que impediu o acesso aos registos dos utentes por parte dos hospitais e centros de saúde do arquipélago.
Hugo Nunes aponta que o setor da saúde "é mais um âmbito em que os dados circulam de uma forma eletrónica" e sublinha que estes "carecem de alguma atenção".
"Os nossos dados circulam de uma forma eletrónica e carecem de alguma atenção, tanto pela parte do prestador de serviços - as entidades governamentais e privadas -, mas também por parte do utilizador, que tem de ter a noção de que os seus dados estão disponíveis e a divulgação destes dados está restrita e, em Portugal, está bastante limitada, o que é sempre bom", defende, em declarações à TSF.
O técnico destaca, ainda assim, "que problemas podem sempre acontecer" e por isso apela à adoção de comportamentos preventivos.
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"Problemas de segurança e cibersegurança também podem acontecer e o utilizador, o paciente ou o cliente, tem de estar consciente de que esses dados podem, algures no tempo, ser utilizados de forma não intencionada inicialmente ou até de forma maliciosa", vinca, acrescentado ainda que as consequências de um ataque informático no setor da saúde podem ser muito graves.
"Em Portugal não temos ainda notificação ou informação de que tenha acontecido alguma consequência mortal, mas já tivemos casos identificados e registados de ataques cibernéticos que tiveram consequências em que, ou por falha de acesso, ou por atraso ao cuidado, houve a morte de um paciente", lamenta.
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O responsável explica ainda que já existem alguns mecanismos que oferecem alguma "autonomia ao paciente", nomeadamente com a possibilidade de serem "notificados quando existem acessos à sua informação de saúde".
Hugo Nunes ressalva por isso que, em Portugal, que o Estado tem estado a desenvolver um bom trabalho no sentido de proteger a informação dos utilizadores.
"O Estado tem tido alguma preocupação. Em termos de entidades privadas, obviamente já estão a ter essa atenção, estamos a falar de dados confidenciais, pessoais, que são abrangidos pelo RGPD [Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados] e, para além disso, há a parte que qualquer entidade pública e privada não quer, que é a parte reputacional se algum caso acontecer que ponha em causa a reputação da organização e da empresa", explica.
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A fim de evitar problemas de grande escala, o especialista deixa ainda um conjunto de medidas a serem adotadas no quotidiano, para impedir um ataque informático, mencionando desde logo um espírito "crítico e atento".
"Estar atento aos e-mails que recebemos, não clicar em tudo, ter sempre uma análise crítica quando recebemos algo que parece bom de mais para ser verdade ou uma promoção que é muito boa e requer uma ação imediata, já que por vezes são esses os álibis que os agentes maliciosos utilizam para fazer com que a pessoa caia nestes ataques", esclarece.
Hugo Nunes apela ainda para que cada um tente manter "ao máximo a sua informação o mais restrita possível".
"Obviamente que há utilizações estritamente necessárias e informações que são estritamente necessárias para o dia a dia, mas equacionar o porquê de subscrever um determinado acesso a um determinado portal, quando só preciso de um determinado dado que posso obter doutra forma", remata.