"Cibersegurança não é só fechar a porta ao ataque, é ter uma cultura empresarial de boas práticas"
À TSF, o vice-presidente da Confederação Portuguesa das Micro, Pequenas e Médias Empresas defende que é essencial "apostar numa cultura mais exigente de segurança" digital nas empresas, mas, para isso, é necessário "investimento público".
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Entre a falta de informação dos empresários e a falta de formação das pessoas temos a "tempestade perfeita". Duarte Lobo, vice-presidente da Confederação Portuguesa das Micro, Pequenas e Médias Empresas, diz que o cenário traçado pelos peritos do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores Inovação (INESC-INOV) sobre cibersegurança em Portugal é o retrato da realidade do tecido empresarial nacional, em que muitos desconhecem a capacidade digital das suas próprias empresas.
"Se olharmos para a dimensão nacional com 99,8% de micro e pequenas empresas, muitas vezes com realidades de maturidade digital que eles até desconhecem, ou seja, muitos dos empresários desconhecem a capacidade digital das suas próprias empresas. A cibersegurança tem dois aspetos: de equipamentos, que muitas vezes quando não bem configurados ou não bem escolhidos podem trazer encargos e não fazerem proteção das próprias empresas, mas também do outro lado, a formação e a cultura de segurança. Entre a construção do nosso tecido empresarial e a questão de alguma falta de formação é quase a tempestade perfeita", explica, em declarações à TSF.
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Duarte Lobo defende a necessidade de criar uma estratégia nacional e lamenta a falta de investimento público em matéria de cibersegurança. "Estamos num patamar relativamente grave, é preciso apostar numa cultura mais exigente de segurança e isso implica que haja investimento público."
O vice-presidente da Confederação das Pequenas e Médias Empresas confirma a dificuldade em contratar especialistas em cibersegurança.
"Grande parte das empresas que se dedicam à cibersegurança está vocacionada para infraestruturas de alguma dimensão. Entretanto, vendia-se a ideia, até há pouco tempo, que bastava ter um antivírus e ter as seguranças, mas não, há aqui políticas ativas. Faz parte também da cultura empresarial perceber que há boas práticas do ponto de vista das passwords, da partilha de ficheiros. Cibersegurança não é só fechar uma porta ao ataque é também ter uma cultura empresarial que leve a boas práticas dentro dessa empresa. Isso faz com que, muitas vezes, as empresas que existem sejam demasiado vulneráveis e, por outro lado, os recursos não são ilimitados, ou seja, também não há assim tantos especialistas no panorama nacional e muitas vezes a vocação que existe é direcionada a infraestruturas maiores e não às microempresas", acrescenta.
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