BE quer alterar o nome do documento. O Governo admite avançar com a alteração. Maria Teresa Horta concorda e fala em justiça tardia. Lídia Jorge não se sente ofendida.
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Cidadão, cidadania, identidade? Lídia Jorge dispensa a polémica e afasta-se da proposta do Bloco de Esquerda. "De vez em quando aparecem assim umas propostas que parecem pequenas quezílias. Isto não resolve qualquer problema, porque cidadania tem outro sentido".
Lídia Jorge diz "não" há mudança. "A mim não me faz confusão absolutamente nenhuma. Parto sempre da ideia que a língua não é um sistema lógico puro e que há uma herança milenar. Quando pego no meu cartão de cidadão, sinceramente, não tenho a mais pequena ideia que me esteja a ofender".
Maria Teresa Horta diz "sim". "É realmente uma linguagem sexista. Penso que é humilhante, bastante humilhante". A escritora mantém o velho bilhete do identidade, que não troca por um cartão qualquer, com o qual não se identifica. "Se eu sou cidadão porque é que hei de ter um cartão de cidadão?"
A escritora diz que este não é o pretexto ideal para uma batalha de géneros. "Isto corresponde a uma tendência que neste momento existe de fazer justiça linguística, mas isso nunca vai conseguir fazer-se porque a língua ficaria insuportável".
Para Maria Teresa Horta é uma questão de mentalidades. "Já foi o tempo em que as mulheres ficavam fechadas em casa, em que não tinham participação política, em que não trabalhavam. Eu sei que demora tempo, mas assim é de mais".
Lídia Jorge dá o assunto como encerrado, ao dizer que "ninguém precisa de me dizer 'portugueses e portuguesas'. Eu sinto-me portuguesa. E quando se diz portugueses eu sinto-me lá dentro".