Direção-Geral da Saúde recebeu cerca de 320 pedidos para investigações e já respondeu positivamente a cinco.
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O Ministério da Saúde anunciou há pouco mais de uma semana que ia passar a ter disponível um formulário no site da Direção-Geral da Saúde (DGS) para que os cientistas interessados em investigar a Covid-19 em Portugal pedissem os dados, mas são raros os que já receberam a informação pretendida.
No final do primeiro formulário era prometida uma resposta em 72 horas que Nuno Sousa explica que, no seu caso, já foram largamente ultrapassadas.
O presidente da Escola de Medicina da Universidade do Minho foi um dos promotores de uma iniciativa que juntou centenas de investigadores que há mais de um mês pedem a disponibilização pública dos dados para ajudar a estudar (e combater) a doença.
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O investigador explica que os dados serão sempre úteis, mas quanto mais cedo chegarem mais rapidamente poderão ajudar os decisores políticos e médicos a perceberem melhor a Covid-19.
Pedro Pereira Rodrigues, do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (CINTESIS), já está numa fase mais avançada que Nuno Sousa pois recebeu, entretanto, uma resposta ao formulário que preencheu.
No entanto, essa resposta foi um pedido de preenchimento de um novo formulário com mais detalhes, incluindo a necessidade de acrescentar um parecer de uma comissão de ética.
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Este parecer de uma comissão de ética é, segundo o investigador, uma nova dificuldade, sobretudo numa época em que é mais difícil reunir as pessoas e em que é urgente ter os dados sobre a doença para melhor a conhecer, sublinhando que os dados são anonimizados, ou seja, sem nomes ou dados pessoais.
Quando os resultados das investigações chegarem serão certamente menos úteis para uma doença que evolui de forma tão rápida.
5 em 320 investigações já receberam os dados
Fonte oficial da DGS adianta à TSF que até agora "foram fornecidos dados a 5 grupos de investigadores (bem como posteriores atualizações) e estão cerca de 320 pedidos em apreciação desde que foi publicitado o formulário na net".
Sobre o parecer agora pedido, a DGS acrescenta que "tem desde sempre fornecido dados produzidos nos seus sistemas de informação a investigadores, mediante um processo de apresentação de sinopse de estudo e respetiva aprovação pela comissão de ética", não se tendo "mudado as definições e os pressupostos especificamente para os dados da infeção por SARS-CoV-2".
O parecer em causa que não se relaciona com a proteção de dados pessoais, mas sim com o mérito e a ética do estudo.
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