Clínica da Mama "abre portas" para esclarecer dúvidas e ouvir "queixas e elogios"
O coordenador da Clínica da Mama sublinha, em declarações à TSF, que "quanto mais precoce for o diagnóstico, maior é a probabilidade de tratar com sucesso a doença".
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No Dia Nacional de Prevenção do Cancro da Mama, assinalado esta segunda-feira, a Clínica da Mama do IPO do Porto abriu as portas para ouvir "elogios", mas sobretudo "queixas e opiniões", de forma informal, sem o obstáculo de uma secretária, a separar médicos de pacientes.
A clínica da Mama foi, há 15 anos, a primeira com um modelo de cuidados centrados no doente e recebe, atualmente, perto de 1300 novos pacientes por ano, realizando cerca de 30 mil consultas anuais. Mas esta segunda-feira, o dia é mais para a troca de palavras e não tanto de números.
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O diagnóstico e o tratamento do cancro da mama são dois momentos distintos, que têm uma coisa em comum: a ansiedade, o medo e a angústia que criam. Foi por isso mesmo que, esta segunda-feira, vários representantes das diversas especialidades do IPO do Porto se juntaram num ciclo de reflexão sobre temas como a prevenção, diagnóstico precoce, inovação e qualidade de vida.
A iniciativa, dirigida aos doentes, familiares e sociedade em geral, tem como objetivo promover o esclarecimento de dúvidas com quem trata cancro da mama.
O coordenador da Clínica da Mama explica, em declarações à TSF, que esta ação "é uma demonstração" de que o instituto está aberto "à sociedade que serve" e tem em conta a "opinião" dos seus pacientes.
"Em Portugal existem sete mil novos casos [de cancro da mama], por ano, dos quais 1300 são tratados no IPO do Porto, por isso temos elevados recursos e estamos muito atentos aos resultados que temos", adianta Joaquim Abreu, acrescentando que a "experiência acumulada" traz "resultados positivos".
"A sobrevivência no estadio I está acima dos 99%, no estadio II nos 97%, no estadio III quase nos 90% e no estadio IV, que é quando as doentes se encontram diagnosticadas já com a doença à distância, 30% estão vivas ao fim de cinco anos, o que é extraordinário e que revela a eficácia das novas terapêuticas", aponta.
Joaquim Abreu esclarece igualmente que a iniciativa cria um momento informal, que muitas vezes facilita a colocação de perguntas por parte das doentes. É o caso de Inês e Paula, duas pacientes da Clínica da Mama, que sublinham ser importante receber "mais feedback de outras pessoas".
Paula, que vai ser internada esta segunda-feira e operada na terça-feira, explica que apesar de perceber que muitas vezes não possa ser o mesmo médico a acompanhar a doente, gostou de ver respondida esta questão, sublinhando, contudo, que a avaliação por parte de profissionais de saúde diferentes "não é tão confortável".
O coordenador afirma, por isso, que os médicos ouvem as perguntas das "doentes mais atentas, que detetam pequenas falhas no funcionamento e na organização, que consideram que deveriam ser melhoradas".
"Não abrimos a porta só para ouvir elogios, abrimos a porta para ouvir as suas queixas e opiniões", reitera.
Joaquim Abreu deixa, ainda, alguns conselhos para a prevenção do cancro da mama: "Estar atento, conhecer a doença e ter a noção de que, quanto mais precoce for o diagnóstico, maior a probabilidade de tratar com sucesso a doença", afirmou, sublinhando ainda que a realização de "exames de imagem, precocemente, salva vidas".