Na véspera da votação das alterações ao Código de Trabalho, cresce a contestação interna na bancada do PS, perante a disciplina de voto que impõe a abstenção. Os deputados José Lello, Francisco Assis, Isabel Moreira e Sérgio Sousa foram alguns dos que manifestaram a sua contestação.
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O deputado socialista José Lello interroga-se se o PS estará a «fazer mais oposição ao anterior Governo ou ao presente Governo do PSD/CDS»e acusa a direção de António José Seguro de ter um «comportamento dual».
Confrontado com a resposta, no Facebook,do porta-voz do PS, João Ribeiro, onde este escreveu: «Infelizmente, para defender o passado e honrar a assinatura de José Sócrates temos de nos calar contra medidas inaceitáveis», José Lello acusou o porta-voz socialista de «criar uma interpretação do memorando que está bem para além daquilo que foi acordado com a 'troika'».
José Lello considera que «falando o porta-voz em nome do PS, (...) não toma as posições adequadas. As responsabilidades que o porta-voz tem deveriam dar-lhe um pouco mais de contenção, sendo certo que o PS neste momento está a ser atacado de uma forma boçal, tal como aconteceu no último congresso do PSD», afirmou o deputado que pertenceu à direção durante os governos de José Sócrates.
Também Francisco Assis, antigo líder parlamentar do PS, se demarcou da posição do porta-voz socialista.
Assis retomou, no Parlamento, o tom do artigo que hoje escreve, no jornal Público, considerando que «está em curso uma gigantesca operação de demonização» da ação dos governos socialistas nos últimos seis anos.
O candidato derrotado nas últimas diretas do PS considera que o objetivo dessa alegada campanha «é limitar drasticamente a autonomia de decisão política e estratégica da atual direção do partido».
Também a deputada independente, eleita pelas listas do PS, Isabel Moreira, já anunciou que não vai cumprir a disciplina de voto e tenciona votar contra porque considera que «a norma que permite a imposição da disciplina de voto não está preenchida».
Sérgio Sousa Pinto é outra das vozes socialistas críticas em relação à proposta do Governo para as leis laborais.
O antigo líder da JS admite a abstenção na votação na generalidade, mas defende que na votação final global o PS deveria votar contra, considerando «gravíssimo se a posição do PS for outra, porque estamos perante um ataque gravíssimo ao direito do trabalho, já que são rompidos todos os equilíbrios consagrados em legislação. Idealmente o PS deveria votar já contra na generalidade, mas aceito o compromisso».
O líder parlamentar, Carlos Zorrinho, já adiantou que eventuais quebras na disciplina de voto serão analisadas de acordo com as regras do partido.
Zorrinho admitiu até que, se na especialidade, a maioria aceitar algumas das propostas do PS, os socialistas podem votar a favor na votação final global das alterações ao Código de Trabalho.