Coimbra: Assembleia da República discute pedido de autonomia do hospital dos Covões
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A Assembleia da República vai discutir uma petição entregue há cerca de dois anos que pede a autonomia do Hospital Geral (Covões) de Coimbra, depois da fusão com o Hospital da Universidade de Coimbra (HUC) em 2012.
Para o médico Carlos Costa Almeida, um dos peticionários, em resultado da fusão dos hospitais é que o Hospital da Universidade de Coimbra "passou a concentrar o que era feito por dois". "E não aumentou de tamanho. Posso dizer que aumentou pouco o número de profissionais porque muitos dos profissionais que trabalhavam no hospital dos Covões, a pouco e pouco, saíram desencantados para outros hospitais e para o privado", continua.
Segundo a petição "Devolver a autonomia ao Hospital dos Covões do Centro Hospitalar de Coimbra - Pelo direito ao acesso a cuidados de saúde de qualidade", nos últimos anos, foram encerrados 15 serviços médicos nos Covões. Na lista constam serviços como o da neurocirurgia que foi "o primeiro a ser criado em Coimbra", o da neurologia que "havia sido remodelado com dinheiros da União Europeia" ou a Pneumologia, considerado como "referência mundial no tratamento do cancro do pulmão".
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As urgências continuam a funcionar, mas o médico nota uma diminuição de doentes. "Os doentes facilmente se apercebem que se forem aos Covões são mandados para o HUC e vão entrar na lista de espera do HUC". E, continua, "apesar de haver cirurgia e ortopedia a funcionar, não há cirurgiões e ortopedistas na urgência".
"Um doente que esteja internado no serviço de cirurgia, se precisar de uma intervenção de urgência vai para os HUC", acrescenta.
O Centro Hospitalar de Coimbra serve cerca de dois milhões de utentes. Segundo Carlos Costa Almeida é desconhecida uma análise aos resultados desta fusão, inclusive na vertente económica.
O médico refere ainda a aposta do setor privado na saúde que torna "evidente que o hospital público fazia falta". "Se não fizesse falta não era preciso haver tanto hospital. Neste momento, posso dizer que há sete hospitais, alguns maiores outros menores, mas são hospitais, não são pequenas clínicas."
"Se eu tenho esperança que a Assembleia da República vote a favor? Não sei...mas, face a isso tudo que se tem feito no nosso país e em Coimbra, não me parece".
