Com a pandemia, os empresários portugueses esqueceram-se dos riscos de longo prazo
A propagação de doenças infecciosas, as falhas de financiamento e o desemprego são agora os principais fatores de risco na opinião dos empresários portugueses.
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Este é o resultado de um inquérito global promovido pelo Fórum Económico Mundial. O estudo "Riscos Regionais dos Negócios 2020" recolheu respostas de 12 mil líderes empresariais de 127 países, incluindo 156 respostas de Portugal.
A nível mundial, as "doenças infecciosas" subiram 28 lugares na tabela e ocupam o segundo lugar, sendo o risco mais recorrente (a ocupar o Top 10 em todas as regiões), exceto no sudeste asiático.
"Os riscos económicos continuam a dominar o panorama de riscos a nível mundial", sublinha o especialista de risco da Zurich, Edgar Lopes.
A Zurich e a Marsh são parceiros do Fórum Económico Mundial neste relatório.
Embora no topo dos riscos estejam principalmente os riscos económicos, os riscos relacionados com o clima estão, também, a ter especial atenção este ano, com as "catástrofes naturais" (que sobem sete lugares), os "fenómenos meteorológicos extremos" (sobem cinco), a "perda da biodiversidade" e "colapso dos ecossistemas" (sobem oito) e a "falha de adaptação às alterações climáticas" (sobem dois) a merecerem lugares de destaque.
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Mas esta realidade global não é seguida por Portugal e por isso "é preocupante que os líderes empresariais portugueses não considerem o impacto das alterações climáticas para a próxima década. Estes riscos afetam a sociedade a todos os níveis (social, politico e económico). É estranho que os líderes empresariais portugueses não tenham na sua matriz de risco e no topo das suas preocupações o impacto das alterações climáticas para a próxima década", salienta Edgar Lopes.
Para o especialista, os empresários portugueses estão "distraídos com a Covid-19 sem reparar nos riscos de longo de prazo" que vão ficar por mais tempo do que a crise sanitária.
Para os empresários de Portugal os cinco maiores riscos são a propagação de doenças infecciosas, a falha de mecanismo financeiro ou institucional, o desemprego ou subemprego, a bolha de ativos e os ataques cibernéticos.
Houve aqui algumas alterações face a 2019, ano em que os riscos identificados em Portugal são em primeiro lugar a bolha de ativos, seguido da falha de mecanismo financeiro ou institucional, a falha de governança nacional, os ataques cibernéticos e as crises fiscais.