Com aviões em terra e menos rotas marítimas, Covid-19 faz subir preço da droga
Observatório Europeu diz que esta é uma das poucas informações que já existe sobre o mercado da droga ao fim de um mês de pandemia.
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O Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência diz que já se notam impactos nos padrões de consumo e de preços dos estupefacientes.
O observatório da União Europeia lançou esta semana um inquérito para conhecer em detalhe o que já mudou no mundo da droga com a pandemia, mas já é certo que há mudanças.
João Matias, investigador do observatório sediado em Lisboa, começa por explicar que antes muitos consumiam fora de casa, com amigos, e agora fazem-no sozinhos.
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Por outro lado, há menos dinheiro para comprar drogas, mas os preços estão mais altos devido às fronteiras que passaram a ser controladas, limitadas ou viagens que se tornaram muito menos comuns entre países, seja entre continentes ou dentro da Europa.
"Uma das poucas informações que temos de momento é que os preços estão a aumentar porque há menos substâncias disponíveis no mercado. Imaginemos o caso da cocaína que é principalmente importada da América do Sul: não havendo voos e com menos embarcações a transportarem contentores, é muito mais difícil que o produto chegue à Europa ou a Portugal", refere o investigador.
João Matias acrescenta que "havendo menos produto e a mesma procura, o preço aumenta e mesmo tendo dinheiro o acesso aos dealers que o vendem não é fácil".
Em alguns países europeus já há relatos de enormes descidas nas apreensões pelas polícias e o investigador do Observatório Europeu acrescenta que "até os traficantes têm dificuldade para vender aos clientes nos sítios onde habitualmente vendiam, havendo já registos no Reino Unido de distribuição de droga através de motas", como se fosse a comida vinda de um qualquer restaurante.
O Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência explica que os resultados do inquérito que está a ser feito contribuirão para perceber não apenas o impacto da Covid-19 sobre os estupefacientes, mas também ajudar "a proteger a saúde das pessoas que usam drogas e melhorar os serviços de apoio" a quem consome.