Com bonecos envoltos em mortalhas brancas, centenas formam cordão humano para lembrar as "18 mil crianças mortas por Israel"
A iniciativa decorre em Serralves, no Dia Mundial da Criança, para "sensibilizar as famílias" para aquilo que podem fazer, nomeadamente no que diz respeito ao "boicote de produtos israelitas"
Corpo do artigo
Em defesa das crianças palestinianas, foi formado este sábado um cordão humano em frente à Fundação Serralves, no Porto, para "assinalar" as mais de 18 mil crianças mortas por Israel na Faixa de Gaza.
A iniciativa, que tem como mote o Dia Mundial da Criança, pretende chamar a atenção para o sofrimento dos mais novos na Faixa de Gaza, numa altura em que decorre a 19.ª edição do Serralves em Festa, no Porto. Em declarações à TSF, Catarina Milhazes explica que este é um fim de semana com "milhares de pessoas" e este momento foi aproveitado para "sensibilizar as famílias — aquelas que ainda não estão sensibilizadas, para aquilo que podem fazer, não só relativamente à pressão junto das instituições e das autoridades, mas também relativamente ao boicote de produtos israelitas, por exemplo".
Além do cordão humano, Catarina Milhazes, uma das organizadoras do projeto, adianta que foi entregue uma carta aberta a todos os artistas que sobem a palco para que, durante as atuações, pudessem utilizar a bandeira da Palestina, uma sugestão que foi bem acolhida.
É isso que nós queremos: é que a Palestina esteja neste momento em cada bocado do dia das pessoas e que não passe despercebida, que se fale da Palestina até que o genocídio termine e também a ocupação ilegal da Cisjordânia ocupada.
À porta do Serralves em Festa, Catarina Milhazes conta que cerca de uma centena de pessoas se colocaram ao lado da causa palestiniana.
"A Avenida Marechal, onde estamos neste momento, é uma avenida muito grande e que abre praticamente ali na Praça do Império que depois dá para a zona da praia, portanto, é uma avenida que permite um cordão humano enorme. Neste momento temo-lo: temos já seguramente mais de uma centena de pessoas connosco e essas pessoas todas que estão neste cordão humano", relata.
Os participantes trazem consigo bonecos envoltos em mortalhas brancas para "simbolizar" as mais de 18 mil crianças assassinadas desde 7 de outubro de 2023 por Israel.
A partir das 15h00, o protesto desloca-se para a Avenida do Brasil, na Foz do Porto, onde serão expostas peças de roupa de criança, ao longo do caminho da marginal.
Também em Setúbal se realizou na manhã deste domingo uma ação em defesa das crianças da Faixa de Gaza.
O número de mortos nos pontos de distribuição geridos pela Fundação Humanitária de Gaza, apoiada pelos Estados Unidos e por Israel, subiu para 39 e o número de feridos para mais de 220 em menos de uma semana, segundo as autoridades palestinianas.
As organizações internacionais, como as Nações Unidas, têm alertado para a situação de fome que se vive em Gaza devido ao bloqueio imposto por Israel ao enclave palestiniano de 2,4 milhões de habitantes.
A guerra em curso foi intensificada pelos ataques liderados pelo grupo radical palestiniano Hamas em 7 de outubro de 2023 no sul de Israel, que causaram cerca de 1200 mortos e mais de duas centenas de reféns. Das 251 pessoas raptadas na altura, 57 continuam detidas em Gaza, pelo menos 34 das quais mortas, segundo as autoridades israelitas. A retaliação de Israel já provocou mais de 54.300 mortos, a destruição de quase todas as infraestruturas de Gaza e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.
