Os profissionais denunciam que este problema afeta diretamente a continuidade da investigação científica
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Patrícia Pinto tem 47 anos e é investigadora há 22 anos. Trabalha no Centro de Ciências do Mar (CCMAR) na Universidade do Algarve (UALG) na área de biologia molecular. No seu trabalho lida com peixes e micro-organismos e o que faz tem aplicação na aquacultura, ambiente e poluição marinha.
Após tantos anos de trabalho, continua precária, mas o seu trabalho na universidade não se cinge apenas à investigação." Dou aulas num mestrado internacional, e tenho dado aulas de biologia celular aos primeiros anos", revela.
Dos 72 investigadores doutorados contratados pela Universidade do Algarve apenas 3 possuem contratos sem termo e nos próximos seis meses, 32 destes contratos terminarão sem perspetiva de renovação definitiva" colocando em risco a continuidade da investigação científica de qualidade na instituição". Paralelamente, no Centro de Ciências do Mar (CCMAR), um centro independente da UAlg reconhecido internacionalmente, 39 dos 55 investigadores doutorados com contrato com o centro não têm vínculo permanente, o que, no entender dos investigadores "reforça a situação de precariedade na investigação em áreas estratégicas para o desenvolvimento da região". Como muitos em todo o país, os investigadores estavam contratados ao abrigo de uma norma transitória que durante 6 anos deu alguma estabilidade a estes profissionais. Com os contratos a terminar, muitos destes investigadores receiam ir para o desemprego. Patrícia Pinto salienta que estão a concorrer a tudo o que podem deitar mão, como "fundos regionais, nacionais e europeus". " Dado as taxas de aprovação serem tão baixas, é uma grande incerteza", lamenta
Como Patrícia Pinto, em todo o País muitos investigadores que se encontravam ao abrigo estão a terminar o seu vínculo com as instituições universitárias e o seu futuro é de incerteza. No dia 27 de setembro, para assinalar a Noite Europeia dos Investigadores, este movimento, que integra centenas de pessoas, organizou manifestações em várias cidades do país.
Reitor da Universidade garante abertura de 17 vagas
O reitor da Universidade do Algarve (UALG) afirma que a instituição não tem meios financeiros como até aqui através da noram transitória para manter todos estes investigadores. A UALG concorreu a 27 vagas da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT Tenure), um instrumento de financiamento da FCT para o apoio à contratação de investigadores exclusivamente para lugares de carreira. Paulo Águas revela, no entanto, que só 17 foram aprovados. Os investigadores que entenderem concorrer terão, no entanto que se submeter a um concurso internacional. Quem ganhar fica com vínculo definitivo à Universidade.