"Com Governo de direita também não foi feito nada." Sindicato dos trabalhadores do Alfeite desvaloriza preocupações de Nuno Melo
O coordenador da estrutura sindical lembra que há muito que o Arsenal do Alfeite está mergulhado no caos devido a sucessivas faltas de investimento
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O Sindicato dos Trabalhadores Civis das Forças Armadas diz que as preocupações manifestadas na terça-feira pelo ministro da Defesa no Parlamento não trazem qualquer novidade. Nuno Melo acusou o antigo Governo de ter deixado o Arsenal do Alfeite tecnicamente falido e adiantou que o executivo teve de pedir empréstimos de mais de dois milhões de euros para pagar salários.
O coordenador da estrutura sindical, Alexandre Plácido, lembra que há muito que o Arsenal do Alfeite está mergulhado no caos devido a sucessivas faltas de investimento. Algo que o sindicato tem denunciado.
"Antes das eleições, há cerca de três meses, os trabalhadores do Arsenal do Alfeite tiveram na rua, em Almada, a denunciar precisamente esta situação. A necessidade urgente de se investir, de se modernizar os estaleiros. Assim que este Governo tomou posse, o senhor Nuno Melo recebeu no seu gabinete um pedido de reunião do nosso sindicato e da Comissão de Trabalhadores do Arsenal do Alfeite, que foi enviado no dia 9 de abril, portanto, imediatamente a seguir à tomada de posse deste Governo e nesse pedido de reunião consta a discussão da situação do Arsenal do Alfeite em termos de necessidade de investimento, de admissão de pessoal, reequipamento do estaleiro. Não tivemos qualquer resposta até agora, apesar de o pedido de reunião ter sido já reiterado há cerca de três semanas com base até em algumas declarações do senhor chefe de Estado-Maior da Armada, que consideramos também preocupantes e que nos levou a reiterar esse pedido de reunião, mas que, no entanto, ainda não mereceu qualquer resposta por parte do gabinete do senhor Ministro da Defesa", revelou à TSF Alexandre Plácido.
O responsável pede uma solução de fundo para resolver os problemas no Arsenal do Alfeite que não foram atendidos pelos anterioroes governos, nomeadamente pela coligação PSD-CDS.
"Entre 2011 e 2015 tivemos um Governo também da direita, com a participação do CDS, e nesse período não foi feito rigorosamente nada para resolver a situação do Arsenal Alfeite que já na altura era preocupante. Entretanto as coisas vieram a agravar-se. Também lhe posso dizer que os trabalhadores do Arsenal do Alfeite tinham já marcado um plenário geral para dia 2 de julho, que evidentemente se vai manter agora com estas novas declarações também na agenda do dia", recordou o coordenador do Sindicato dos Trabalhadores Civis das Forças Armadas.
Alexandre Plácido pede também investimentos para modernizar as instalações e a contratação de mais pessoal.
"Neste momento são 400 e digo no mínimo o dobro porque em 2009, quando o estaleiro foi transformado em sociedade anónima, o efetivo ficou na casa dos 800/900. Neste momento já está abaixo de metade disso e é por isso que digo o dobro do efetivo que tem neste momento. Quanto a equipamentos, infraestruturas e investimento, porque as necessidades são muitas. As infraestruturas no geral são muito antigas. O Arsenal do Alfeite tem mais de 80 anos e muitos dos equipamentos estão desatualizados", acrescentou.