Na mensagem de Natal, o primeiro-ministro admite que o Governo "não fez tudo bem". António Costa tem"consciência da dureza de muitas das medidas" tomadas. Aos portugueses, agradece e deixa "mensagem de esperança".
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Num ano de "combate, dor e resistência", o primeiro-ministro garante aos portugueses que o Governo "tem procurado responder da melhor forma, com equilíbrio e bom senso, aprendendo, dia a dia, a lidar com a novidade e a readaptar-se permanentemente perante o imprevisto". Mas na tradicional mensagem de Natal, António Costa admite que nem tudo correu bem.
"Certamente não fizemos tudo bem e cometemos erros, porque só não erra quem não faz. Mas não regateámos, nem regatearemos esforços, com os nossos recursos e junto da União Europeia, para combater a pandemia e aliviar o sofrimento dos portugueses", afirma o chefe de Governo.
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António Costa sublinha que tem "bem consciência da dureza de muitas das medidas" adotadas durante o ano de 2020, "limitando liberdades, proibindo atividades ou adiando projetos de vida, para defender a saúde pública, conter a transmissão do vírus, garantir capacidade de resposta dos serviços de saúde, salvar vidas".
"Tenho bem consciência do impacto profundo destas medidas na vida de todos nós. No convívio social, de que tivemos de abdicar; nos afetos que não pudemos manifestar, em especial aos mais idosos; na estabilidade emocional de muitas pessoas em isolamento; e também na economia, com tantos empresários a lutar pela sobrevivência das suas empresas e tantos trabalhadores que perderam ou temem perder o seu emprego e o seu rendimento", garante o primeiro-ministro.
Ao mesmo tempo que agradece a "todos portugueses, pela capacidade de adaptação e sacrifício, pela determinação e disciplina, pela responsabilidade cívica, com que têm coletivamente enfrentado esta pandemia", Costa sublinha que é "importante" que "até à extinção da pandemia, todos continuemos a cumprir as regras e a adotar os comportamentos que, como sabemos, são decisivos para salvar vidas"
Se há um ano, na mensagem do Natal de 2019, o primeiro-ministro tinha escolhido como cenário uma recém inaugurada Unidade de Saúde Familiar, agora, em plena pandemia, António Costa volta a sublinhar que "tudo o que aconteceu, desde então, apenas veio confirmar o acerto dessa prioridade e a necessidade de continuarmos a reforçar o SNS".
A gratidão do líder do executivo segue, em especial, para os profissionais de saúde "que dia e noite dão o seu melhor para tratar quem está doente, tantas vezes com sacrifício de folgas, tempo de descanso e contacto com a sua própria família".
Mas o agradecimento estende-se também para aqueles que "prestam assistência a quem dela mais necessita, sejam funcionários de lares ou da Segurança Social, militares das Forças Armadas ou elementos das Forças de Segurança; gratidão à mobilização da comunidade científica ou aos professores, que nunca abandonaram os seus alunos, mesmo quando as escolas tiveram de encerrar. E gratidão a todos os que, ininterruptamente desde março, mantiveram o país a funcionar e que, na agricultura, na indústria e no comércio, têm garantido que nada de essencial nos tenha faltado"
Na mensagem de Natal, António Costa deixa ainda uma referência às vítimas diretas e indiretas da pandemia.
"Às famílias enlutadas pela perda dos seus entes queridos que sucumbiram a este vírus, a quem expresso sentido pesar. Às famílias que têm familiares doentes, a quem faço votos de rápida recuperação, ou que se encontram em isolamento profilático, a quem desejo que se mantenham de boa saúde. Às famílias dos nossos compatriotas da diáspora, que este ano não puderam vir matar saudades ao seu país". Mas também às famílias que não puderam estar juntas como habitualmente e a todos "e tantos são, os que sofreram as graves consequências económicas e sociais desta pandemia".
Costa sublinha que o início o processo de vacinação contra a COVID-19 "mesmo sendo um processo faseado e prolongado no tempo, dá renovada confiança que, graças à ciência, é mesmo possível debelar esta pandemia".
A fechar a mensagem de Natal, António Costa manifesta a esperança de que "com solidariedade, venceremos a pandemia e recuperaremos da crise económica e social que ela gerou"
"É, pois, com gratidão, solidariedade e esperança que desejo, a todos vós, um feliz Natal e um promissor ano de 2021. Posso assegurar-vos que, neste tempo tão duro e exigente, é para mim uma enorme honra poder aqui estar ao vosso serviço. Ao serviço de Portugal", despede-se António Costa.