Comissão de acompanhamento da seca pode aliviar restrições ao consumo de água no Algarve
A decisão será tomada na próxima segunda-feira, numa reunião marcada para Faro
Corpo do artigo
A ministra do Ambiente e Energia anunciou esta quarta-feira no Parlamento que a Comissão de Acompanhamento dos Efeitos da Seca irá reunir-se na próxima segunda-feira, 10 de março, em Faro, havendo condições para aliviar as restrições ao consumo, quer na agricultura, quer no setor urbano ou no turismo.
Maria da Graça Carvalho falava na comissão parlamentar de Ambiente e Energia, numa audição regimental na qual fez um balanço das ações do Ministério do Ambiente e Energia (MAEN) no último ano.
A situação no Algarve tem vindo a evoluir favoravelmente, registando-se mais 99,3 hectómetros cúbicos (hm3) de armazenamento de água face ao período homólogo de 2024, disse a ministra.
Em declarações à TSF, o presidente da Associação de Regantes do Sotavento do Algarve acredita que essa decisão favorável vai ser tomada por parte do Ministério do Ambiente, visto que este tem sido um ano chuvoso. “Tudo indica que as barragens ainda vão ganhar bastante água durante a primavera”, sublinha Macário Correia.
“Neste momento temos [ as barragens] de Odeleite e Beliche quase a 80%”, assegura. Também no Barlavento Algarvio, barragens que andaram com níveis muito baixos, como a do Arade, já tem 30% de capacidade, sendo a Bravura a albufeira com menos água. “Há condições para rever completamente os cortes”, acredita. No entanto, alerta para a necessidade de poupar para “não haver uma situação de irresponsabilidade total”.
Macário Correia lembra que os cortes para a agricultura são ainda de 13% e de 10% para o setor urbano, mas assegura que, do lado dos agricultores do sotavento algarvio, a poupança atingiu os 30%. “Fizemos uma pedagogia considerável e eliminámos consumos que eram fortuitos e não eram para a agricultura (…) e quem abusava, nós cortávamos”, adianta.
Pelo lado das autarquias, o presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve considera que a situação da região em termos de recursos hídricos é díspar de uma zona para outra e é preciso ponderar o que se irá fazer. “Não me parece que se deva reduzir para já na totalidade essas medidas”, afirma.
“É preciso pelo menos continuar a pedir que os consumos não subam”, acrescenta. António Miguel Pina enfatiza que o pedido que vão deixar à ministra do Ambiente na reunião da Comissão de Acompanhamento da Seca é o de que há obras que têm de ser mesmo realizadas na região. “O Algarve está ainda dependente da decisão de ser mais resiliente. Quando falo nisso, falo nas barragens da Foupana e do Alportel, mas principalmente o reforço ao Barlavento com a água do Alqueva”, adianta.
Para o autarca, se a água desta barragem no Alentejo já chega à albufeira de Monte da Rocha, pode no futuro chegar à de Santa Clara e daí haver uma ligação às barragens do barlavento algarvio, nesta altura as que menos recursos hídricos apresentam.