Comissão de trabalhadores vê auditoria ao INEM com "tranquilidade". Sindicato considera que período é "curto"
A Inspeção-Geral de Finanças vai realizar uma auditoria à gestão e avaliação dos recursos humanos e à realização da despesa do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) desde 2021
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A Inspeção-Geral das Finanças vai auditar a gestão dos recursos humanos do INEM desde 2021 e o Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar considera que a auditoria deveria ter um período mais longo. Já a comissão de trabalhadores está tranquila com o processo.
"É mais uma auditoria, já existiam algumas por parte da IGAS que já tinham sido determinadas também pelo Governo. Já existia também e estava na constituição um grupo de trabalho para refundar o Instituto. Portanto, aquilo que nos parece é que é mais uma inspeção que poderá dar ao Governo mais informações e mais detalhes sobre o funcionamento do instituto, porque só conhecendo o que está para trás é que se pode mudar, é que se pode refundar, é que se pode evoluir. Vemos com tranquilidade e com bons olhos mais uma inspeção feita. Julgo que neste momento o INEM deve ser o organismo público mais escrutinado", considera Rui Gonçalves, presidente da comissão de trabalhadores do INEM, em declarações à TSF.
O período de tempo vai ser suficiente para encontrar os problemas: "É uma data como outra qualquer. Podia ser desde 2020, 2018, 2017 ou 2022. O Governo escolheu aquela data provavelmente por algum motivo, mas não me parece nada de estranho, até porque cada três anos ou quatro que vão ser auditados é muita informação, é muita coisa. Provavelmente não é um espaço temporal muito grande, mas também não é propriamente curto. Já dá para perceber exatamente como é que o instituto tem funcionado nos últimos anos e provavelmente vai confirmar aquilo que temos dito: que tem funcionado mal, com parcos recursos humanos e com pouca aposta financeira naquilo que era necessário para um instituto desta natureza."
Também à TSF, o presidente do Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar, Rui Lázaro, concorda com a auditoria, mas, por sua vez, considera que o período de análise não é suficiente.
"Parece-nos curto, uma vez que nós denunciamos irregularidades dentro dos últimos oito anos, pelo menos. Contudo, a partir de 2021 foi a altura em que, através da escassez de recursos humanos, onde se verificou as consequências de uma gestão mais danosa e que culminou em diversos atrasos. Eu recordo que decorria o ano de 2023 e nós entregamos ao Ministério Público um somatório de mais de mil denúncias de atrasos no envio de ambulâncias. Portanto, esperamos que, de facto, possa também abranger outros anos, uma vez que estas realidades já decorrem há pelo menos oito anos", afirma.
A audição da Inspeção-Geral das Finanças deverá incidir sobre o mandato de Luís Meira à frente do INEM. Rui Lázaro defende que a investigação deveria ser mais abrangente: "Não só o presidente Luís Meira, como outros dirigentes no instituto. Aliás, soubemos na semana passada que todos, excetuando um dirigente, nos últimos dez anos estiveram nomeados em regime de substituição, contornando a lei, permitindo-lhes assim, por exemplo, receber horas extraordinárias. Este facto merece ser investigado e obviamente quem procedeu às nomeações deve de alguma forma assumir estas responsabilidades."
A Inspeção-Geral de Finanças (IGF) vai realizar uma auditoria à gestão e avaliação dos recursos humanos e à realização da despesa do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) desde 2021, anunciou esta segunda-feira o Governo.
"O ministro de Estado e das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, e a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, determinam que a IGF realize uma auditoria ao funcionamento do INEM, nos domínios organizacional, administrativo e financeiro, no que concerne à gestão e avaliação dos recursos humanos e da realização da despesa, que concorram para o desenvolvimento da sua atividade", adiantou um comunicado conjunto dos dois ministérios.