Comissão de Trabalhadores vê audições sobre TAP como "autênticos números de circo"
A porta-voz dos funcionários da TAP diz que os trabalhadores defendem o atual modelo porque a privatização não é garantia de cura para todos os males.
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A Comissão de Trabalhadores da TAP descreve os mais recentes episódios do dossier TAP, na sequência das audições da CEO da empresa, Christine Ourmiéres-Widener, e da antiga administradora Alexandra Reis como "autênticos números de circo". A porta-voz dos funcionários da empresa, Cristina Carrilho, considera que as revelações feitas perante os deputados não espantam quem trabalha na companhia aérea e lembra que a TAP sempre foi palco de muitos jogos políticos.
"Sempre foi assim, não é de agora. Os trabalhadores não ficam surpreendidos nem escandalizados, sabem que sempre foi assim. Mesmo a questão da indemnização, que foi acordada com a engenheira Alexandra Reis, é algo que já aconteceu noutras alturas, noutros anos. Os trabalhadores têm a consciência de que a TAP sempre foi uma presa política, sempre andou nos bastidores da política e sempre se pagaram estas indemnizações chorudas. Isto tudo sempre foi feito e, para nós, já começa a rasar o circo. É melhor do que o Cirque du Soleil", explicou à TSF Cristina Carrilho.
Apesar de criticar a atual gestão da TAP, Cristina Carrilho diz que os trabalhadores defendem o atual modelo porque a privatização não é garantia de cura para todos os males.
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"A privatização da TAP não é, nunca foi e nunca será boa para a companhia aérea. O que seria bom para a TAP era haver um estado honesto, transparente, que entenda as especificidades da empresa e que nomeie gestores competentes, honestos e transparentes para a TAP que vão para a companhia aérea trabalhar para que a TAP, como empresa pública, seja lucrativa e viável", defendeu a porta-voz dos funcionários da TAP.
Durante a audição no Parlamento, Christine Ourmiéres-Widener disse que, nesta altura, a indefinição sobre a TAP prejudica a empresa e a época de verão, naturalmente crítica. Cristina Carrilho explicou que a operação dos próximos meses já está planeada, mas quanto mais depressa terminar a atual indefinição, melhor.
"É urgente, mesmo muito urgente, que o novo CEO, que é um homem que já conhece a empresa, a sua política e gestão, assuma o cargo rapidamente e constitua uma equipa para que efetivamente se possam debelar e prevenir os problemas que podem advir de toda esta situação para a operação de verão. Relativamente à operação de verão, o planeamento já está feito, não é planeada em cima da hora, mas há sempre questões de gestão que é preciso ver como a questão dos combustíveis, problemas com aeronaves e acompanhamento no dia a dia. Há coisas que tem de ser a gestão da empresa a dizer como é que se resolvem", alertou.
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