A Unidade Especial de Polícia teve de ajustar os treinos, por causa das regras do estado de emergência. A formação e a actividade física dos cerca de 400 elementos do Corpo de Intervenção estão limitadas, mas os polícias tentam manter-se em forma com treinos individuais e ao ar livre.
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No Corpo de Intervenção da PSP, os treinos diários têm cerca de uma hora e meia, mas a pandemia veio suspender a formação, os desportos colectivos e de combate. Nas instalações da Unidade Especial de Polícia (UEP), em Lisboa, os halteres, barras, pesos e bicicletas repousam num ginásio vazio. A sala de combate, com os tapetes e sacos de boxe, também está fechada.
O coordenador do Departamento de formação da UEP, o comissário Pedro Oliveira, lembra que no início da pandemia, nem as corridas eram permitidas. Agora, os polícias tentam manter-se em forma, com corridas ao ar livre e treinos individuais. "Temos de estar bem fisicamente", sublinha Pedro Oliveira, explicando que os elementos do Corpo de Intervenção têm de aguentar muitas horas de pé, por exemplo nos jogos de futebol ou nas manifestações em frente à Assembleia da República. "Sabemos sempre a que horas começa (o serviço), mas não sabemos quando termina", realça o comissário. Além disso, cada agente carrega pelo menos, 12 kg em equipamento, desde o armamento às protecções.
Nas técnicas de defesa policial, a UEP usa chaves, interpelações com o recurso a bastões, mas sempre de acordo com as Normas de Execução Permanente (NEP), que adequam a resposta ao grau de ameaça às forças de segurança.
Jiu-jitsu ao serviço da polícia
Nos Estados Unidos, a polícia da cidade de Marietta, na Geórgia, conseguiu reduzir o número de lesões entre os detidos, com a aplicação de técnicas de Jiu-jitsu. É uma arte marcial com um número crescente de praticantes, mas que também está parada devido à pandemia.
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O presidente da Federação de Jiu-jitsu de Portugal, Marcello Rosa, explica que a arte marcial teve início na Índia. Desenvolveu-se no Japão e expandiu-se no Brasil, onde é praticada sem armas e por vezes, sem quimono. Nestes casos, "torna-se mais difícil" agarrar o adversário e aplicar técnicas como as torções, estrangulamentos ou luxações. Num treino de Jiu-jitsu, o combate em Randori (em que um praticante enfrenta vários adversários consecutivamente) é "a cereja no topo do bolo", descreve Marcello Rosa, que conhece muitos polícias praticantes desta arte marcial.
O cinto azul João Oliveira compara o Jiu-jitsu a um "xadrez humano", já que a antecipação dos movimentos do adversário pode determinar a vitória no combate. O treino é, para João Oliveira, uma "lavagem à alma", saudável para o corpo e também para a mente. Por isso, sente falta da actividade física, sobretudo a nível psicológico.
O comissário Pedro Oliveira reconhece que muitos elementos da UEP praticam artes marciais e partilha a opinião de que o treino "faz sempre falta". Com o confinamento, alguns agentes até podem ganhar peso, "não deixamos de ser pessoas", afirma. Mas acredita que na UEP, "não vamos ficar assim tão gordinhos", até pelo espírito competitivo que se vive na antiga polícia de choque.
*A autora não segue o Novo Acordo Ortográfico