"Complicações súbitas." Relatório defende que morte de dois bebés nas últimas semanas deveram-se a problemas "imprevisíveis"
A Comissão de Acompanhamento da Resposta em Urgência de Ginecologia/Obstetrícia e Bloco de Partos conclui que as mais recentes mortes de dois fetos, nos hospitais de Santa Maria e de Cascais, devem-se a "complicações obstétricas súbitas e imprevisíveis"
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A Comissão de Acompanhamento da Resposta em Urgência de Ginecologia/Obstetrícia e Bloco de Partos considera, no relatório que foi entregue ao Ministério da Saúde, e a que a CNN Portugal teve acesso, que as duas mortes de bebés ocorridas nas últimas semanas, nos hospitais de Santa Maria, em Lisboa, e de Cascais, resultaram de "complicações obstétricas súbitas" e de difícil previsão, reforçando que as grávidas receberam acompanhamento.
Nas duas semanas antes do parto, a grávida, que acabou por perder o bebé no Hospital de Santa Maria, foi assistida três vezes, refere o relatório, sempre com queixas "de menor gravidade" e com avaliações clínicas "normais". A Comissão de Acompanhamento da Resposta em Urgência de Ginecologia/Obstetrícia e Bloco de Partos sublinha que a mulher e o bebé estavam bem quando entraram no hospital e durante a maior parte do trabalho de parto, mas, nos momentos finais, ocorreu uma compressão aguda e "imprevisível" do cordão umbilical, que levou a uma baixa oxigenação fetal. Foi realizada uma cesariana de emergência, mas o bebé não sobreviveu.
Já no caso de Cascais, a mulher, com 31 semanas de gestação, contactou o Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) devido a contrações irregulares. Depois de ser reencaminhada para o SNS24, foi-lhe pedido que se dirigisse ao Hospital de Santa Maria, mas acabou por não ir por questões financeiras.
Mais tarde, voltou a ligar ao CODU, com contrações mais frequentes e, quando chegaram os Bombeiros Voluntários do Barreiro, para a levar, desta vez, ao Hospital de Cascais, a mulher já apresentava uma hemorragia vaginal. Mais tarde, as equipas médicas, já na unidade de saúde, diagnosticaram um deslocamento major da placenta, uma situação que o relatório diz ser "imprevisível e com uma mortalidade muito elevada, mesmo em contextos hospitalares".