Compra de ações dos CTT pelo Estado teve objetivo de ajudar a melhorar o serviço
Fonte ligada ao processo garante à TSF que a compra de uma participação minoritária não tinha qualquer objetivo político e que não foi tornada pública para não encarecer o valor das ações.
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A compra de uma participação inferior a 1% nos CTT por parte do Estado em 2020 não teve como motivo a obtenção de qualquer contrapartida política, mas sim contribuir para a melhoria do serviço num momento em que a qualidade deste estava colocada em causa pela pandemia de Covid-19, garantiu à TSF uma fonte ligada ao processo.
Esta terça-feira, o Jornal Económico escreve que o anterior Governo, sem o divulgar, instruiu a Parpública a comprar ações dos CTT através de um despacho do então ministro das Finanças, João Leão. Este jornal escreveu que "a compra teve lugar após exigências do BE" para aprovar o Orçamento do Estado para 2021 (OE2021), algo que os bloquistas já negaram através do líder parlamentar, Pedro Filipe Soares.
A mesma fonte garantiu também à TSF que o negócio não foi uma exigência do Bloco de Esquerda para viabilizar o OE2021, mas confirmou a compra de uma participação na empresa por parte do Estado e explicou que a operação foi mantida em segredo porque, se fosse tornada pública, as ações poderiam aumentar de valor, o que levaria o Estado a ter de pagar um preço mais elevado.
O objetivo da operação não seria o de iniciar um caminho que pudesse eventualmente levar à aquisição de uma participação maioritária na empresa, mas sim manter uma parte residual dos CTT de forma a melhorar o serviço.
Ao início da tarde, uma fonte próxima do processo garantiu à TSF que o gabinete de Pedro Nuno Santos não teve qualquer intervenção, nem foi dada qualquer indicação ao ministro das Finanças da altura, João Leão.
Os CTT foram privatizados entre 2013 e 2014 pela governação PSD/CDS-PP em período de assistência financeira externa a Portugal.
O Chega e a Iniciativa Liberal agendaram para quarta e quinta-feira debates na Assembleia da República para obter esclarecimentos sobre a compra de ações dos CTT por parte da Parpública e o PSD exigiu conhecer o despacho das Finanças para a compra de ações dos CTT. Estes três partidos pediram explicações ao secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos.