Pelo terceiro ano consecutivo, o Laboratório de Bioquímica Genética, da Universidade de Coimbra, vai realizar um concerto solidário no Conservatório da cidade dos estudantes para conseguir angariar fundos para continuar a desenvolver investigações na área das doenças raras.
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Os consecutivos cortes de que o laboratório tem sido alvo têm feito encolher a equipa de profissionais que, entre outras causas, se foca nas causas genéticas que levam a falhas de energia no corpo humano.
Cada um de nós tem em si uma fábrica de energia e as citopatias mitocondriais são as responsáveis pelas avarias nesta fábrica de energia.
O Laboratório de Bioquímica Genética da UC quer continuar a investigar estas e outras doenças, mas os sucessivos cortes no financiamento global não ajudam. "Não está muito bem. Houve grandes cortes, mas estamos num momento de viragem, que espero conseguir ultrapassar. Temos uma nova estratégia, com dois técnicos superiores e estudantes na parte da investigação, e todos trabalham ainda mais e com um empenho maior. Mas, temos muita esperança", confessa.
Manuela Grazina, diretora do laboratório do LBG, tenta explicar de forma simples, que trabalham com "investigação biomédica translacional reversa, com amostras de doentes, sendo que aquilo que produzimos reverte para os doentes. Tem uma aplicabilidade na prática clínica".
O LBG tem uma componente de serviços, onde se tenta identificar as causas genéticas que levam a falhas de comunicação entre genomas dentro das mitocondrias, embora encontrar uma causa seja um processo complexo. Já na componente de investigação, Manuela Grazina explica que estão agora a "tentar perceber como é que um defeito no código da instrução se vai refletir na doença. O que é que a alteração genética altera dentro da célula, como é que falha aquela comunicação dentro daquelas estruturas da célula para que a doença surja".
Já existem resultados que ainda não podem ser revelados, mas que vão abrir uma perspetiva nova na forma como a comunicação se estabelece entre os genomas. Conhecimentos que serão depois aplicados a doenças neurodegenerativas, como a demência, tentando perceber como as falhas de energia podem levar ao declínio das células dos neurónios.
O Laboratório de Bioquímica Genética da Universidade de Coimbra investiga ainda na área de Farmacogenómica e medicina personalizada, adaptando um fármaco às variações genéticas de cada doente, sendo a equipa do laboratório, a representante portuguesa num consórcio internacional que investiga nesta área.
Vai realizar hoje, em Coimbra, um concerto solidário para angariar fundos para este laboratório, no sentido de poder manter a equipa e as investigações que tem em curso.
Na entrada para o concerto estará uma exposição de trabalhos de alunos de escolas de Coimbra sobre a "fábrica de energia" do corpo humano, resultado das visitas que a diretora do laboratório faz voluntariamente a escolas de todos o país para explicar estas doenças raras.
O concerto solidário conta com a participação gratuita dos Anaquim, Grupo de Fados, Sara Ribeiro, Coro Infantil da Bissaya Barreto, entre outros.