Confiante em acordo na Saúde, Marcelo diz que é importante "pôr de pé a máquina de gestão do SNS"
O chefe de Estado espera que o funcionamento da "máquina" aconteça "nos próximos três, quatro, cinco meses", apontando que este é um processo que "já vai com atraso".
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O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, revelou esta terça-feira estar confiante de que "é possível haver um acordo" entre o Ministério da Saúde e os Sindicatos dos Médicos, sublinhando a importância de "pôr de pé a máquina de gestão do Serviço Nacional de Saúde (SNS)".
As declarações do Chefe de Estado aconteceram momentos antes de o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, e os Sindicatos dos Médicos se reunirem às 14h30, numa altura em que o maior obstáculo a um entendimento é a questão dos salários.
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"É possível haver acordo, agora eu chamo a atenção para duas coisas: é importante que haja um acordo, quanto mais depressa, melhor, para serenar o ambiente e, sobretudo, serenar os portugueses, mas atenção, é mais importante ainda pôr de pé a máquina de gestão do SNS", sublinha Marcelo Rebelo de Sousa, à entrada para uma visita ao Museu de Arte Nacional da Moldova, em Chisinau, em declarações aos jornalistas.
Marcelo Rebelo de Sousa espera, ainda, que o funcionamento da "máquina" aconteça "nos próximos três, quatro, cinco meses", apontando que este é um processo que "já vai com atraso".
"A equipa é boa para fazer isso, tem condições para fazer isso. Quanto mais depressa o fizer, melhor, porque além de termos os médicos mais serenos, temos os serviços a funcionar melhor", remata.
Os médicos querem um aumento de 30 por cento, que pode ser faseado, e o Governo não vai além dos cinco por cento.
As negociações entre o Ministério da Saúde e o SIM e a FNAM iniciaram-se em 2022, mas a falta de acordo tem agudizado a luta dos médicos, com greves e declarações de escusa ao trabalho extraordinário além das 150 horas anuais obrigatórias, o que tem provocado constrangimentos e fecho de serviços de urgência em hospitais de todo o país.
Esta situação levou o diretor executivo do SNS, Fernando Araújo, a avisar que se os médicos não chegarem a acordo com o Governo, novembro poderá ser o pior mês em 44 anos de SNS.
Marcelo confessa, ainda, ter depreendido das declarações do primeiro-ministro sobre a TAP, na segunda-feira, que o decreto da privatização vai ser alterado para ir ao encontro das preocupações que justificaram o seu veto.
"Eu percebo, daquilo que disse o primeiro-ministro ontem [segunda-feira], que ele [António Costa] está com vontade de ir ao encontro destas preocupações", advoga.
O chefe de Estado considerou haver "tempo para trabalhar o diploma", de modo a que "a lei dê uns passos que não deixe ficar apenas no pacto social, no futuro, aquilo que pode já, de alguma maneira, ser protegido".
Sobre o recuo de 0,2% no crescimento em cadeia do Produto Interno Bruto (PIB), Marcelo considera que este valor mostra que a economia portuguesa "ainda está longe de arrancar".
"Há razão em dizer que a economia mundial não está a crescer o que se esperava e isso repercute-se nas nossas exportações, no crescimento em Portugal. Ganhámos em comparação com o ano anterior, em que foi uma queda maior neste período, mas significa que ainda estamos longe de ver arrancar a economia portuguesa", disse.
Contudo, o Presidente da República admitiu que houve uma boa notícia: "A inflação está a melhorar e, provavelmente, vai melhorar a várias velocidades em vários países, em Portugal está a melhorar, isso é um bom sinal".