Há várias explicações para a descida do número de bebés prematuros durante a pandemia
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É um efeito positivo da pandemia: o confinamento poderá ter contribuído para baixar o número de partos prematuros. Com as grávidas em casa, os fetos estiveram menos expostos a fatores de risco. Ficaram em casa sossegadas, a fazer menos esforços físicos, menos expostas à poluição e ao risco de infeções, bem como a dormir mais e a comer melhor.
Estas podem ser explicações para a descida do número de bebés prematuros durante a pandemia, uma tendência que se registou em Portugal e noutros países como a Dinamarca, Irlanda, Austrália, EUA e Canadá. No Hospital de Santa Maria, em Lisboa, os nascimentos antes das 35 semanas caíram 27%, em comparação com os tempos pré-Covid, revela o jornal Público.
Na Maternidade Alfredo da Costa, a queda, entre março e junho, foi de 10%, enquanto no Centro Materno-Infantil do Norte a descida foi mais ligeira. Ainda assim, quebrou-se a tendência que se registava de aumento dos nascimentos prematuros.
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No entanto, a descida não se verifica em todos os hospitais. Em Braga e Guimarães houve mesmo um ligeiro aumento de bebés a nascerem antes das 37 semanas. Ainda assim, os médicos defendem que o fenómeno deve ser estudado.
Está a ser criado um grupo com investigadores de vários países que vai estudar a forma como o confinamento afetou os nascimentos prematuros. Um médico do Canadá avisa, contudo, que a janela de oportunidade pode ser curta. A partir do momento em que as restrições por causa da Covid-19 começaram a ser levantadas, o número de bebés prematuros voltou a subir.
"Não convém tirar conclusões precipitadas"
Jorge Amil Dias, presidente do Colégio de Pediatria da Ordem dos Médicos, não fica surpreendido com esta notícia.
"Não me surpreende muito. A maioria das mulheres grávidas ficaram num regime menos acelerado e apressado, é natural também que se alimentem melhor, que os bebés cresçam melhor e que existam menos fatores de stress do dia a dia que contribuam para a prematuridade", explica à TSF Jorge Amil Dias.
No entanto, avisa que é preciso cautela e que não se podem ainda tirar conclusões definitivas.
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"São dados seguramente interessantes, que merecem análise, mas não convém tirar conclusões precipitadas antes de serem analisados com mais detalhe e estou certo de que isso está a ocorrer. Estive em contacto com colegas da área da neonatologia, que fazem parte dos resultados que foram apresentados, e que seguramente os vão analisar com muito cuidado", acrescentou o presidente do Colégio de Pediatria da Ordem dos Médicos.