Nos primeiros 9 meses de 2019 chegaram tantas queixas contra médicos como em todo o ano de 2018.
Corpo do artigo
O Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos dá 15 dias ao Conselho Disciplinar para fazer um retrato global da situação dos muitos processos pendentes contra médicos. A fiscalização do trabalho dos clínicos foi notícia por causa do caso do bebé que nasceu sem rosto apesar das várias ecografias feitas pela mãe e realizadas por um médico com vários processos pendentes, um deles há seis anos, no Conselho Disciplinar do Sul.
Só depois das notícias sobre o bebé de Setúbal é que o médico foi suspenso preventivamente.
TSF\audio\2019\10\noticias\26\guedes
O Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos escreveu agora, na sexta-feira, ao Conselho Disciplinar para que faça, em 15 dias, um "ponto da situação global dos processos entrados e da sua evolução nos últimos 9 anos".
Em paralelo, deverá ser feito um "levantamento de todos os processos com mais de 4 anos e informação sobre os motivos associados ao facto de não haver despacho final sobre os mesmos", além de um terceiro levantamento sobre aquilo que o Conselho Regional pode fazer para acelerar estes casos.
Depois de receber estas explicações o presidente do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos, Alexandre Valentim Lourenço, promete fazer, no prazo de uma semana, "um plano detalhado de medidas de acordo com as necessidades apresentadas", respondendo, na prática, ao plano especial pedido, há dias, pelo bastonário, na antena da TSF.
11436413
Alexandre Lourenço detalha à TSF que não é a primeira vez que fazem este tipo de pedido ao Conselho Disciplinar, mas desta vez o tema impôs-se, de novo, com as notícias das últimas semanas.
O objetivo é ter não apenas números, mas também "as tipologias dos processos, onde podem estar ou não parados e saber se aguardam resposta dos tribunais, hospitais ou colégios de especialidade".
Só assim, explica o responsável, é que será possível saber a fase em que estão todos os processos, num "levantamento muito grande, para saber quais as prioridades em que podemos dar mais apoio".
Queixas contra médicos duplicam em 4 anos
No entanto, há um dado que pode ser já avançado: nos primeiros 9 meses do ano, de janeiro a setembro, o Conselho Disciplinar do Sul recebeu praticamente o mesmo número de queixas que em todo o ano de 2018, mesmo fazendo uma triagem prévia no gabinete do doente que resolve o casos que não têm matéria disciplinar.
"Em 2016 chegavam ao Conselho Disciplinar 357 processos, em 2017 foram recebidos 540, em 2018 chegaram aos 669 e, em 2019, já entraram tantos processos como no ano passado".
Alexandre Valentim Lourenço defende que este aumento para praticamente o dobro em quatro anos preocupa e se deve, "muitas vezes, às condições em que se prestam, por falta de meios, cuidados de saúde".
11439680
Segundo o último balanço conhecido existiam na região Sul, que vai do Oeste ao Algarve (incluindo ainda as ilhas), 1.466 processos pendentes no final de 2018, ou seja, 74% do total nacional.