Há quatro anos que os conservatórios do centro do país deixaram de ser financiados em exclusivo pelo ministério da Educação e passaram a sê-lo sobretudo por fundos europeus, que os obrigam a candidaturas e a uma gestão corrente até que o dinheiro chegue às suas contas bancárias.
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São quatro anos a viver com atrasos constantes no pagamento. Em Coimbra, Figueira da Foz e Pombal, três conservatórios com a mesma administração financeira, as portas só não foram fechadas devido aos sacrifícios e paciência do corpo docente e o recurso a empréstimos de amigos.
O dinheiro recebido do depósito feito na segunda-feira, referente a janeiro e a fevereiro, é melhor do que nada, mas não chega.
Pedro Rovira, administrador dos conservatórios de Coimbra, Figueira da Foz e Pombal, estranha até que tenha havido uma decisão tão rápida e inesperada do POPH. "É uma catástrofe. Muito à custa de avais pessoais, de empréstimos pessoais, inclusivamente de alguns amigos, que nos fazem o favor de meter algum dinheiro, e com muita compreensão de todos os colaboradores que não vão recebendo os seus salários, porque nestas escolas não existe fim do mês".
Salários que atrasaram quase quatro meses para os cerca de 100 trabalhadores das três instituições: professores, administrativos e auxiliares.
Pedro Rovira acrescenta que, além dos atrasos, vivem também confrontados com os desajustes das candidaturas. "Temos um custo/hora de formador de 40 euros, e em fase de candidatura não podemos passar os 20 euros. Neste momento, que deveríamos ter 15% não temos, temos cerca de 4% de adiantamento para todo ano letivo".
As escolas da grande Lisboa e do Algarve são financiadas pelo ministério da Educação e não pelos fundos europeus, ao contrário do que acontece no centro do país. Uma discriminação que indigna Nuno Bettencourt, diretor pedagógico do conservatório da Figueira da Foz. "O que recebemos atualmente, comparado com o que recebíamos há cinco anos está 30% abaixo. Se a nossa escola estivesse em Tavira, em Lagoa ou numa qualquer zona de Lisboa e Vale do Tejo estaríamos 30% acima" do financiamento que recebem atualmente.
Em relação ao financiamento, a música é sempre a mesma: primeiro está o pagamento de salários e pelo caminho tem ficado a compra de novos instrumentos e a manutenção das escolas.
A candidatura para o funcionamento dos conservatórios de Coimbra, Figueira da Foz e Pombal é de 1 milhão e 200 mil euros. Até ao momento, pelas contas da administração já chegaram aos cofres das instituições cerca de 40 mil euros de adiantamento para todo o ano letivo.
Este primeiro pagamento de 2015 chegou em cima da data limite para pedir o reembolso dos meses de março e abril.