Adelino Alves vai levar uma réplica de um Renault de 1898 a cerca de 30 cidades e vilas atravessadas pela Estrada Nacional 2.
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Um marceneiro de Chaves construiu uma réplica de um carro Renault de finais do século XIX, que funciona na perfeição. É com ele que Adelino Alves, de 70 anos, quer fazer os quase 740 quilómetros da Estrada Nacional 2, entre Chaves e Faro. O objetivo é mostrá-lo em vilas e cidades dos 35 concelhos que a estrada atravessa.
Adelino Alves é natural de Fânzeres, Gondomar, e, graças à sua habilidade para trabalhar a madeira, toda a vida foi marceneiro em Chaves. Só que, devido às grandes multinacionais do mobiliário, o negócio tem vindo a decair ao longo dos anos.
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Devido ao gosto pelos carros, há cerca de um ano, disse à filha para procurar na Internet, através do telemóvel, fotografias de carros antigos. Ela pesquisou e "encontrou um bonito de 1898, um Renault", recorda. A partir daí não parou até o construir.
O problema é que aquele automóvel não ficou com a perfeição que ele queria para poder circular na via pública. Já este ano resolveu criar outro igual, embora com cores diferentes, e que já oferece outra segurança e comodidade.
O carro, todo em madeira com um reforço em ferro no chassis, está equipado com um "motor Lombardini de 18 cavalos". Permite atingir, "no máximo, 30 quilómetros por hora".
Tem caixa de velocidades. "Uma para a frente e outra para trás", sorri o construtor. As rodas de madeira estão envolvidas por borracha. Tem travão de mão e travões de disco nas rodas da frente. Os farolins são dois recipientes para alimentar gatos ou cães. Atrás, tem um baú que serve para guardar coisas.
E é com este automóvel que a partir de 8 de julho, feriado municipal de Chaves, Adelino Alves vai fazer a Estrada Nacional 2, entre Chaves e Faro, com Rui Dias, o amigo que teve a ideia da viagem durante uma merenda. "Muitas vezes vimos a casa do senhor Adelino lanchar, petiscar ou beber um copo e, assim do nada, surgiu a ideia e começou a colher entusiasmo", recorda Rui Dias.
Este amigo de Adelino já fez um roteiro em que aparecem as 27 sedes de concelho por onde vão passar, com as respetivas distâncias em quilómetros e tempo que demoram a percorrer. "A EN2 atravessa 35 concelhos, mas não podemos passar nas vilas e cidades todas, pois obriga a grandes desvios", salienta.
Por ser um carro em madeira e não estar legalizado para andar na estrada, o Renault de 1898 há de viajar entre localidades em cima de um reboque puxado por outro veículo. Mas nas quase 30 cidades e vilas onde preveem parar, hão de dar umas voltas com ele pelas principais ruas e zonas turísticas. Ao mesmo tempo, os dois amigos, a que se devem juntar-se mais dois, vão ser uma espécie de "embaixadores itinerantes do que melhor se faz e produz em Chaves e no Alto Tâmega".
Apesar de ter-lhe custado seis meses de trabalho, Adelino Alves não se importa de vender o Renault de 1898. Já tem reservado um outro motor para criar "um carro dos anos de 1920, tipo Ford T, já com capota, à moda do 'Bonnie & Clyde' e com rodas de raios e pneu de mota".