A plataforma deverá estar operacional na segunda quinzena de abril.
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Apesar dos alertas para a falta de recursos hídricos nas barragens da região, em janeiro os consumos de água no Algarve subiram 4,5% em relação ao ano passado e em fevereiro desceram apenas meio ponto percentual. Mas, o mês de março pode trazer boas notícias, avisa esta sexta-feira a Agência Portuguesa do Ambiente (APA).
"Nas primeiras semanas de março há uma redução dos consumos urbanos na ordem dos 13%, o que é uma boa notícia. Significa que as medidas estão a ter impacto no território", afirma o vice-presidente da APA, Pimenta Machado, em declarações à TSF, sublinhando que o Algarve esteve perto de atingir a meta pretendida pelo Plano de contingência (15%).
Pimenta Machado revela também que as chuvas de janeiro e fevereiro permitiram recuperar 11% da capacidade das barragens da região, 54,5 hectómetros, embora esse montante seja ainda insuficiente para o que é desejável.
Houve uma evolução positiva, tínhamos 25% em janeiro, hoje temos 36%", acrescenta.
No total, em meados de março estavam armazenados 159 hm3 nas barragens do Algarve. No entanto, Pimenta Machado lembra que, no ano passado, pela mesma altura, havia mais 9% de água nas albufeiras da região.
Com as chuvas de janeiro e fevereiro as massas de água subterrâneas também tiveram uma ligeira recuperação. Ainda que as previsões meteorológicas para os próximos dias indiquem para uma subir a temperatura, o que coloca uma pressão sobre os consumos de água, há também, por outro lado, uma previsão de chuva para os últimos dias de março e primeira semana de abril.
A Agência Portuguesa para o Ambiente garante que continuará a monitorizar a situação.
A APA pretende lançar na segunda quinzena de abril o Portal da Seca, uma plataforma onde será possível aceder a todos estes dados: "É uma plataforma informática onde estão registados os volumes de água das albufeiras, das massas de água subterrâneas e dos consumos."
Nessa plataforma, dirigida sobretudo ao Algarve, região que atravessa uma das piores secas "de sempre", estará visível, por exemplo, o consumo de cada um dos municípios. A intenção é sensibilizar os consumidores e levá-los a gastarem água de forma consciente.
Pimenta Machado ressalva, no entanto, que se no Sul se vive nos limites e há um plano de contingência a seguir, noutras zonas do país há abundância de água nas barragens.
"O país está melhor do que o ano passado, temos 87% de volume de água armazenado nas albufeiras", adianta, salientando que a albufeira de Castelo de Bode abastece toda a região metropolitana de Lisboa e está quase com 96% da sua capacidade, bem como a barragem do Alqueva com 91%.
"Isso é incrível", atira.
"No geral estamos bem, mas temos duas regiões que nos preocupam: o sudoeste alentejano (a bacia do Mira-Sado) e toda a região do Algarve, que continua com a maior seca de sempre", conclui.