Contas passam para o vermelho. SNS vai registar mais de 217 milhões de euros em prejuízos no próximo ano
O Governo clarificou os números e corrigiu a proposta de OE para 2025 e, afinal, as previsões passam de positivas para negativas
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Seis dias depois de ter sido apresentado no Parlamento, o Governo clarificou os números e corrigiu a proposta de Orçamento do Estado para 2025 no que diz respeito ao Serviço Nacional de Saúde (SNS). Afinal, as previsões passam de positivas a negativas. Segundo as contas divulgadas pela SIC Notícias, o SNS vai dar prejuízo: são mais de 217 milhões de euros.
São dois os fatores que fazem as previsões passar de positivas para o vermelho: por um lado, a receita vai ser menor do que a prevista - em vez de 16.854 milhões de euros, a expectativa do Governo é agora de 16.530 milhões, ou seja, uma redução de 324 milhões -, por outro lado, a despesa vai ser maior (mais 530 milhões de euros em relação às contas iniciais).
As contas da SIC Notícias indicam que haverá um aumento nos gastos com recursos humanos, mas a fatia que pesa mais nesta correção está ligada à aquisição de bens e serviços, como medicamentos e exames complementares de diagnóstico. O governo da AD atira responsabilidades ao anterior Governo socialista, alegando que o aumento da despesa ainda não estava totalmente quantificado, devido à reforma do SNS, em concreto, a extinção das ARS e a criação das Unidades Locais de Saúde (ULS), uma medida que começou a ser aplicada este ano.
Contas não surpreendem FNAM
Estes valores não surpreendem a Federação Nacional dos Médicos (FNAM). À TSF, Joana Bordalo e Sá explica o porquê. "O grande peso desta fatia deste Orçamento é essencialmente para materiais e serviços. Isto não nos surpreende, porque tem havido um desinvestimento enorme naquilo que são os recursos humanos, nomeadamente, de médicos. Também há um recurso excessivo à prestação de serviço e ao trabalho extraordinário. É uma escolha deste Ministério da Saúde negociar de forma séria ou manter negociações de fachada que não vão trazer mais médicos ao Serviço Nacional de Saúde."
Joana Bordalo e Sá defende que o Governo deve reforçar o número de médicos no SNS e rejeita a ideia de que a culpa seja do anterior Executivo.
"Neste momento, é este Governo que governa, é este Ministério da Saúde que tem este problema em mãos e é este Ministério da Saúde, se quiser, que consegue arranjar soluções, ouvindo os profissionais e, neste caso, também ouvindo os médicos e ouvindo a Federação Nacional dos Médicos. E é muito, muito urgente negociar, é muito, muito urgente que algumas das nossas soluções pudessem entrar e estar na mesa negocial e serem efetivadas para termos mais médicos no SNS e não termos de continuar a recorrer a um excesso de prestadores de serviço externos e de horas extraordinárias", sublinha.
No Orçamento do Estado para o próximo ano, aprovado na generalidade há menos de três semanas, está prevista uma subida do investimento no setor da saúde, em grande parte para financiar o SNS.
Notícia atualizada às 10h03