Na margem esquerda do Guadiana, com uma fantástica panorâmica de Mértola, há uma Casa Amarela onde se pode apreciar pitéus que tornam a gastronomia alentejana um arco-íris de sabores.
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Mértola, a Mírtilis Julia ao tempo da ocupação romana, mantém aura de pura magia. Viveu anos sob o domínio árabe, até à reconquista cristã no reinado de Sancho II e ainda hoje conserva um encanto muito especial.
A vila alentejana ostenta com toda a propriedade o epíteto de museu, tão valioso é único é o património gerado pelos ciclos da História, assinalados por marcas seculares.
Ali, o tempo corre devagar, à velocidade do caudal do grande rio do sul. Sem pressas, apesar de ter ainda 70 km pela frente à foz. Nas margens escarpadas, o casario em cascata, aninhado em torno do impante castelo, reflete o branco da caiação exposto à luz solar. Intensa e quente.
A margem direita oferece este quadro único, contemplado em toda a dimensão do lado oposto, no sítio conhecido por Além Rio.
Na estrada dos Celeiros, que resistem como memória de décadas passadas, destaca-se a Casa Amarela. A localização é magnífica, com uma varanda de onde se contempla a melhor panorâmica da vila-museu. Puro êxtase.
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O espaço interior tem uma decoração bem conseguida, que nos transporta, de algum modo, até outras paragens mais longínquas.
Ambiente descontraído e mesas postas a preceito neste restaurante com uma cozinha que cruza a essência alentejana com criações mais ousadas, gerando uma curiosa fusão.
Nas entradas, perfilam-se, entre outras, tábua com queijos ou enchidos da região; queijo de ovelha em massa folhada com mel; espargos com ovos com pão marcado no grelhador e tomate com ovos em pão frito.
O cunho mais alentejano está nas bochechas de porco em vinho tinto acompanhada com arroz de cogumelos. Carne a desfazer-se, culinária sem reparos de maior.
As migas alentejanas -- de azeite, ou com espargos ou com molho de tomate, com carne de porco alentejano - marcam significativa presença na ementa, onde surgem outras propostas; borrego aromatizado com alecrim, acolitado por batatas e legumes; folhado da capoeira com cogumelos e salada verde e costeletas de cordeiro grelhadas com batata e legumes salteados.
Para duas pessoas, mais duas propostas regionais, particularmente apreciadas: sopa de cação e açorda de bacalhau no pão caseiro.
Nos peixes, o bacalhau surge em maioria, consubstanciada em três opções: gratinado no forno com legumes; lombo crocante ou na versão mil folhas.
Este capítulo fica completo com o folhado de salmão com queijo de cabra e e o inevitável polvo à lagareiro
Nas sobremesas, referência para a doçaria regional -- sericaia de Mértola com água mel; bolo do conde das Alcáçovas; pudim de mel de Monchique - e para o carpaccio de ananás e pimenta rosa.
Boa garrafeira, com justificada predominância dos vinhos da região. Serviço simpático na alentejana Casa Amarela. Em Mértola.
Onde fica:
Localização: Estrada Dos Celeiros, 7750-301 Mértola
Telef.: 286 094 102