"Continuo auto-suspenso." Aos 90 anos, Carlos Brito admite voltar ao PCP mas com algumas condições
O antigo líder parlamentar do PCP, afastado do partido desde 2003, afirmou em entrevista à TSF que, perante tanta contestação nas ruas, o Governo podia ir mais além.
Corpo do artigo
Depois de o atual líder do PCP ter afirmado que "os renovadores fazem falta", Carlos Brito considera que a "bola" está do lado do PCP. Admite voltar ao partido com condições.
"A primeira é a de que sejam retiradas as sanções que foram aplicadas a mim e a outros camaradas e a outros que, embora não tendo sido aplicadas sanções, foram burocraticamente afastados", enfatiza. "Isso é uma condição prévia para qualquer aproximação", garante.
O antigo líder parlamentar do PCP, afastado do partido desde 2003, faz parte desde essa altura do chamado "grupo dos renovadores". Foi critico do chumbo do Orçamento do Estado por parte dos comunistas durante a " geringonça", uma atitude que conduziu à maioria absoluta do PS. Afirma que, atualmente, perante tanta contestação nas ruas, o governo podia e devia ir mais além.
"Vou buscar uma frase dos meus tempos de ativista: o custo de vida aumenta, o povo não aguenta", afirma. Carlos Brito dá o exemplo dos professores e da sua reivindicação para serem contados todos os anos de serviço. " Admito que se pudesse encontrar uma solução, para já imediatamente [o pagamento} de dois anos e estudar um calendário para fazer a reposição dos outros anos que ficam em dívida", considera.
Carlos Brito, que foi um dos deputados da Constituinte, lembra que os líderes partidários, Álvaro Cunhal, Mário Soares e Sá Carneiro, com mais afazeres na altura, deixaram os deputados um pouco à " rédea solta" para fazerem a Constituição e tiveram reações diferentes quando o documento lhes foi apresentado.
TSF\audio\2023\02\noticias\10\11_fevereiro_2023_maria_augusta_casaca_90_anos_carlos_brito
Nesta entrevista à TSF lembra o tempo em que esteve preso por três vezes, no Aljube e em Peniche, foi espancado pela PIDE e levado para o Hospital de São José.
Este sábado em Alcoutim, a terra onde viveu em menino e regressou anos mais tarde, será inaugurada a exposição foto biográfica de Carlos Brito e apresentado o seu último livro de poesia, "Estar Presente".
Uma homenagem quando completou 90 anos de vida, realizada pelo município do interior algarvio à beira do Rio Guadiana, onde vive.