Conversa com Galamba foi "construtiva" mas é "muito provável" que tripulantes da TAP mantenham greve
O presidente do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil, Ricardo Penarróias, sublinha a insatisfação vivida por todos os trabalhadores do grupo TAP.
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O ministro das Infraestruturas diz estar "convicto" de que os tripulantes da TAP vão dar aval à proposta apresentada pela companhia, evitando a greve de 25 a 31 deste mês. Em declarações aos jornalistas, Ricardo Penarróias, presidente do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), afirmou que a conversa com João Galamba foi construtivas, mas para já nada muda, visto que a palavra é dos sócios do sindicato.
"O ministro apenas reforçou a sua confiança e o apoio à proposta apresentada pela TAP, desejou-me boa sorte para a assembleia, mas na realidade foi uma conversa construtiva, informal, sensibilizando para a importância do momento e [para o impacto] que uma greve poderá ter para a saúde financeira da empresa. Estamos todos sensíveis a isso, relembro sempre que dissemos que uma greve não se faz de ânimo leve, demonstrei também as razões que levam aos associados ponderar essa possibilidade e no final da assembleia haverá uma resposta dos associados sobre isso", explicou, sublinhando que "é muito provável [que a greve continue em cima da mesa]".
Ricardo Penarróias admitiu que nas conversas com a TAP foram feitos avanços.
"Seria injusto da minha parte dizer que houve não avanço na negociação, porque houve. Se serão suficientes ou não, caberá à assembleia decidir. Com tudo o que se vive à volta da administração, a insatisfação que vivem todos os trabalhadores do grupo TAP, temos de passar das palavras à ação", defende.
O presidente do SNPVAC considera que "vivemos em dois mundos paralelos": "a negociação que houve entre sindicato e a administração, em que houve avanços; depois vivemos num mundo em que houve rigidez financeira em relação aos tripulantes de cabine e trabalhadores do grupo TAP."
Existe uma "questionável gestão financeira quando falamos da administração". "Não podemos ficar indiferentes a isto, tudo o que se passa neste momento advém de muitos e graves erros de gestão que a empresa teve. Os cortes salariais estavam previstos sim, mas não estavam previstas indemnizações de 500 mil euros", atira.
O SNPVAC está reunido esta manhã em assembleia-geral de emergência para analisar uma proposta apresentada pela TAP, antes da greve agendada para de 25 a 31 deste mês.
"A pedido da direção, [...] convoco os associados da TAP - Transportes Aéreos Portugueses, SA, para se reunirem em assembleia-geral de emergência, no próximo dia 19 de janeiro, às 10h00, no Lisbon Marriott Hotel", lê-se numa nota enviada na semana passada aos associados do SNPVAC, a que a Lusa teve acesso.
Segundo a mesma missiva, a assembleia vai ter como ponto único da ordem de trabalhos a "apresentação, discussão e votação da proposta apresentada pela TAP", no âmbito das negociações de um novo acordo de empresa, que tem causado atritos entre a companhia e o sindicato.
Recorde-se que este sindicato realizou uma greve de tripulantes da TAP nos dias 08 e 09 de dezembro, que levou a companhia aérea a cancelar previamente 360 voos e teve um impacto estimado total de oito milhões de euros.
O SNVPAC anunciou, em 09 de janeiro, que vai avançar com um pré-aviso de greve ao trabalho na TAP por sete dias, entre 25 e 31 de janeiro, de acordo com uma nota enviada aos associados.
A TAP disse que respeita e lamenta a decisão do SNPVAC em avançar com uma greve este mês e assegurou que está a fazer tudo para um acordo.
A assembleia-geral do SNPVAC reprovou em 29 de dezembro a proposta da TAP, mantendo a intenção de realizar cinco dias de greve até 31 de janeiro, adiantou, na altura, fonte sindical à Lusa.
Assim, a proposta da administração da companhia foi chumbada, com 615 votos contra, seis a favor e uma abstenção, mantendo-se a possibilidade de avançar com uma greve cinco dias até 31 de janeiro, como tinha ficado decidido na última assembleia do SNPVAC.