Técnicos do INEM exigem explicações. Bombeiros afirmam que estão na "estaca zero" e não irão responder a qualquer chamada de emergência enquanto não lhes for dado equipamento de proteção.
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O Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar diz que é preciso perceber como é que estão a ser transportados os novos casos suspeitos de infeção por coronavírus. Só esta quinta-feira, em 24 horas, a Direção-Geral da Saúde (DGS) contou 27 novos casos suspeitos, mas o INEM - Instituto Nacional de Emergência Médica confirma à TSF que até agora apenas existem, como foi anunciado a meio de fevereiro, quatro ambulâncias preparadas, ou seja, com o material adequado, para o transporte de doentes com coronavírus, nomeadamente com o equipamento de proteção.
O presidente do sindicato explica à TSF que desde o início do surto que tem vindo a alertar que este número de ambulâncias é baixo. Pedro Moreira afirma que só existem quatro ambulâncias preparadas para transportar doentes suspeitos de estar infetados com Covid-19 e todas estão estacionadas no litoral: Lisboa, Porto, Coimbra e Faro.
"É preciso saber, obviamente, em que molde e em que circunstâncias foi feito o transporte de 27 doentes em 24 horas, sendo que pelo protocolo só são estas as ambulâncias que podem ser mobilizadas", explica o representante dos trabalhadores do INEM que pretende ter a certeza que foi garantida a proteção de todos os intervenientes.
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O Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar recorda que o protocolo diz que as pessoas com sintomas não devem ir aos hospitais, mas, sim, contactar a Linha SNS 24, onde depois um grupo de médicos valida os casos suspeitos, sendo chamada uma destas quatro ambulâncias que leva as pessoas para as unidades hospitalares.
Além disso, o sindicato sublinha que, depois de transportar cada caso suspeito, cada ambulância deve ser desinfetada o que, naturalmente, demorará mais algum tempo, numa carência de meios de transporte que, segundo Pedro Moreira, se deverá agravar nos próximos dias.
Até esta quinta-feira, Portugal tinha tido 25 casos suspeitos de coronavírus, segundo a DGS, mas em apenas um dia o número disparou para 52, mais 27 em 24 horas.
Fonte oficial do INEM confirma à TSF que, até agora, Portugal tem apenas as referidas quatro ambulâncias preparadas para transportar estes doentes.
Está previsto que mais ambulâncias fiquem preparadas em breve, mas ainda não há data prevista para esse processo estar concluído.
Bombeiros à espera
A Liga dos Bombeiros Portugueses também lamenta que até agora, cerca de um mês depois de ter falado pela última vez com as autoridades de saúde sobre este tema, nunca mais tenha sido dito nada.
O presidente da Liga, Jaime Marta Soares, adianta à TSF que os bombeiros estão "na estaca zero". "[Estamos] sem nada para nos equiparmos com o que quer que seja, e somos nós que estamos na primeira linha de resposta às situações de emergência." Razões que levam a Liga a dizer que se for necessária a intervenção dos bombeiros estes não farão nada. "Não tendo o equipamento, não podemos fazer."
Nos bombeiros voluntários, os únicos equipamentos de proteção que existem são aqueles que restam, "em bom estado", distribuídos há cerca de dez anos para responder à Gripe A, e que, segundo Jaime Marta Soares, não se adequam à situação atual relacionada com o coronavírus.
INEM preparado para reforço, se necessário
Em repsosta à TSF, o INEM garante que, no caso do surto de coronavírus, irá "adaptar o nível de resposta em função das necessidades que se vierem a verificar".
"Até ao momento não houve necessidade de mobilizar mais ambulâncias para transporte de casos suspeitos, para além das inicialmente destacadas. No entanto, o INEM está preparado para reforçar este cenário caso seja preciso", adianta o Instituto Nacional de Emergência Médica.
O INEM refere ainda que está a dar mais formação aos seus operacionais sobre a utilização dos Equipamentos de Proteção Individual, que estão disponíveis para um eventual reforço do transporte de casos suspeitos" e que se encontra "em estreita e permanente articulação com a DGS, cumprindo na íntegra todas as orientações determinadas pela Autoridade de Saúde Nacional".
Notícia atualizada às 10h06