Surgimento e aumento dos casos em Portugal obriga quem gere o lixo a avançar com mudanças.
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A pandemia do novo coronavírus obriga a mudar a forma como as entidades de gestão de resíduos tratam o lixo.
É isso que mandam as novas orientações da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e da Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR).
A primeira mudança é para os próprios doentes que ao estarem em casa com diagnóstico de Covid-19 têm de usar sacos de lixo resistentes, só os encher até dois terços, fechá-los bem e colocá-los dentro de um segundo saco.
Os resíduos produzidos pelos doentes (ou eventuais doentes) nas empresas ou hotéis, entre outros, com casos suspeitos ou confirmados de infeção passa a ser equiparado a resíduos hospitalares de risco biológico e encaminhado para o sítio onde normalmente vão os resíduos dos hospitais.
Quarentena
No entanto, há mais mudanças, mesmo nas empresas que recolhem e depois tratam os resíduos, a começar nos contentores e respetivas tampas ou pegas, por exemplo, que têm de ser desinfetados mais vezes.
Além disso, os resíduos de embalagens ou outros recicláveis recolhidos que as pessoas colocam de forma seletiva nos ecopontos devem ser armazenados durante um período de tempo que ainda terá de ser definido pela Direção-Geral de Saúde antes do seu processamento na unidade de triagem.
Rui Berkemeier, dirigente da associação ambientalista Zero, explica à TSF que na prática estamos perante uma espécie de quarentena do lixo colocado nos ecopontos, algo que tem lógica pois há muitas dúvidas e desconhecimento sobre a forma como e durante quanto tempo a Covid-19 se pode transmitir por contacto com os objetos.
Lixo comum não pode ser separado
Por outro lado, a nova doença e a sua propagação pelo país obriga também a mudar a forma como é tratado o lixo que se coloca no contentor de resíduos comuns que era até aqui sujeito a uma seleção mecânica e em parte também manual para se conseguir separar alguns materiais para reciclagem.
As orientações da APA e da ERSAR dizem que nesta fase da pandemia não deve ser feito esse tratamento mecânico de resíduos indiferenciados, "reduzindo assim a exposição dos trabalhadores destas unidades".
Rui Berkemeier concorda com as mudanças agora anunciadas, mesmo que tenham um impacto significativo nos níveis de reciclagem, tendo em conta que esse tratamento mecânico, agora suspenso com a Covid-19, é responsável por 50% da reciclagem em Portugal.