Coronavírus. Plano de contingência em Portugal "tem de ser adotado" rapidamente
O presidente da Associação de Médicos de Saúde Pública defende que não basta controlar os passageiros que chegam de Itália. Ricardo Mexia defende que a aposta deve ser num sistema de vigilância eficaz.
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O presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública, Ricardo Mexia, defende que o controlo de passageiros chegados de Itália, que tem vindo a ser feito, não é o suficiente para evitar a chegada do vírus a Portugal.
Para o representante dos médicos de saúde pública, é necessário apostar num sistema de vigilância eficaz. "Essa solução de fazer os controlos à entrada poderá ter algum sucesso, mas não será seguramente a garantia de não haver importação de casos", considera Ricardo Mexia, em declarações à TSF.
"É importante ter um controlo à saída nas zonas onde haja maior circulação, e, por outro lado, assegurarmo-nos de que os nossos sistemas de vigilância dentro de território nacional são robustos o suficiente para identificar os casos de forma rápida e apertada", explica ainda.
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Mais ainda, o que defende o presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública é que Portugal deve ativar com a maior brevidade possível um plano de contingência para o Covid-19. "O plano de contingência é uma evolução dos planos anteriores. É importante que toda a gente saiba com que mecanismos pode contar e o que pode acontecer perante as diversas situações."
Ricardo Mexia acredita que, "quanto mais depressa tivermos essa ferramenta, melhor", sobretudo depois da evolução do número de casos em Itália nos últimos dias.
"Tendo em conta a evolução rápida do número de casos, eu acredito que não seja tarefa fácil. Eu percebo as dificuldades técnicas de um plano de contingência nestas circunstâncias, mas também é importante que toda a gente saiba, até do ponto de vista da preparação, o que tem de fazer."
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Questionado pela TSF sobre o acionamento de um plano de contingência, o presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública aponta que essa necessidade é urgente: "Acredito que sim [que o plano de contingência deverá ser ativado muito em breve], tendo em conta a evolução rápida do surto à dimensão europeia."
"Esse plano de contingência tem de ser adotado de forma célere, até para dotarmos o sistema de capacidade de resposta", complementa.
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Até ao momento, a situação tem sido gerida a partir de diretrizes técnicas fornecidas pela Direção-Geral da Saúde, como em casos em que utentes se dirijam a uma unidade de saúde com suspeitas da doença. No entanto, explica Ricardo Mexia que um plano de contingência reuniria muitas mais indicações para qualquer cenário. "Temos tido até agora orientações técnicas do que é suposto fazer perante um possível caso que apareça num hospital e uma chamada para a Saúde 24", assinala.
Contudo, "o plano de contingência é mais vasto, e compreende os cenários de quando não há casos em Portugal e de quando há casos em Portugal e tudo o que fazer em cada situação", conclui Ricardo Mexia.