Treze corporações de bombeiros indisponíveis para JMJ fazem acusações ao MAI e Proteção Civil
Os bombeiros não aceitam a proposta de pagamento que os obrigava a estar disponíveis para a Jornada Mundial da Juventude.
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Há 13 corporações de bombeiros da federação distrital de Beja que decidiram não entrar no dispositivo da Jornada Mundial da Juventude. O presidente da federação, Domingos Fabela, queixa-se da falta de articulação do Ministério da Administração Interna e explica que não tem gente que chegue para todas as necessidades.
"Damos conta de uma série de situações que inviabilizam a nossa participação nas Jornadas Mundiais da Juventude. Já temos muita dificuldade a nível de recursos humanos, também temos alguma deficiência a nível de viaturas, mas isso não seria um fator impeditivo se efetivamente houvesse outro tipo de articulação. Neste caso concreto, são as Jornadas Mundiais da Juventude. Não se trata de nenhuma urgência nem emergência ou calamidade. Se fosse esse o caso, naturalmente estaríamos presentes naquilo que fosse necessário, com os meios que fossem necessários e que tivéssemos disponíveis, como é natural", justificou na TSF Domingos Fabela.
Além disso, os bombeiros não aceitam a proposta de pagamento que os obrigava a estar disponíveis para a jornada.
"A questão da remuneração que é paga aos homens e mulheres, aos bombeiros e bombeiras que eventualmente pudessem estar presentes e também o preço que é pago relativamente à disponibilização de uma ambulância por parte da associação são números irrisórios e que, naturalmente, também levam que haja aqui um descontentamento enorme. Estamos a falar de 2,67 euros à hora para um bombeiro e estamos a falar de dez euros para uma ambulância. São valores, naturalmente, impensáveis com números destes. O que é facto é que continuamos, de alguma forma, a ser os enteados do sistema", explicou o presidente da federação distrital de Beja.
Domingos Fabela já encontrou os responsáveis por esta situação.
"A tutela das associações de bombeiros pertence, naturalmente, ao Ministério da Administração Interna e através da Autoridade Nacional da Proteção Civil. Serão estas as entidades com responsabilidades, entre aspas, de organização, e de, atempadamente, tratar de que tudo corra da melhor forma. Aqui no caso não aconteceu e levou-nos a ter tomar uma posição, porque não estamos praticamente às portas de Lisboa, estamos aqui no Alentejo profundo. Em média estamos a 250 quilómetros de Lisboa. É uma situação que teria que ser devidamente pensada e estruturada. Não pode ser quase de véspera. Continuamos com imensas dificuldades em poder garantir essa resposta", afirmou.
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Os bombeiros garantem que, "contrariamente" às declarações públicas do ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, no passado dia 15 de julho em Arcos de Valdevez, as associações humanitárias de bombeiros "nunca foram consultadas ou trazidas ao processo e o pouco que sabem foi transmitido há três dias."
"Só fomos contactados há três ou quatro dias, penso que foi no dia 17. Ora, isto efetivamente também é revelador de que a organização não funcionou da melhor forma, porque também não é de um dia para o outro que se mobilizam meios, recursos humanos e logísticos, para poder participar num evento deste nível, desta ordem. Tudo isto requer algum tempo e organização e, atempadamente, sabermos as condições em que iríamos efetivamente prestar esse serviço", acrescentou Domingos Fabela.