"Correr atrás do prejuízo." Motorista TVDE em greve de fome acampa junto à Assembleia da República
Ricardo Luengo trabalha, em média, 14 a 15 horas por dia, e o que ganha não chega ao salário mínimo. Motorista diz que tem dificuldades em “pôr comida na mesa”. Os profissionais do setor vão estar reunidos em protesto esta segunda-feira à frente da Assembleia da República
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Ricardo Luengo iniciou, esta segunda-feira, uma greve de fome. Precisamente no mesmo dia em que acontece o terceiro protesto dos motoristas TVDE.
Durante esta manifestação, Ricardo não ingerirá nenhum alimento, nem bebida (além de água), e ficará acampado em frente à Assembleia da República. Quando questionado se não se sente inseguro por ficar a dormir na rua, Ricardo Luego responde: “Já me sinto inseguro pela insegurança financeira que tenho.”
Esta insegurança deve-se ao facto de Ricardo não ganhar o salário mínimo. É o único motorista da sua empresa, trabalha entre 14 a 15 horas por dia num dia “normal” e mesmo assim não consegue acumular o suficiente para receber o ordenado mínimo após pagar as despesas empresariais. Uma situação que descreve como “correr atrás do prejuízo”. “Tenho graves problemas em obter um rendimento – neste caso o ordenado mínimo – para colocar em casa”, conta este motorista da TVDE, que tem filhos dependentes.
Porém, a situação de Ricardo Luengo não é única. “Até acredito que há colegas que estão ainda piores que eu”, afirma, acrescentando que há motoristas com mais do que uma profissão.
Os inúmeros motoristas da TVDE em situação precária é uma das razões pela qual os profissionais do setor estão concentrados em frente ao parlamento.
Vítor Soares, presidente da Associação Nacional do Movimento TVDE, diz que este protesto serve para apelar à alteração da lei que regula o setor. À TSF, explica que os profissionais reivindicam “o selo holográfico para a viatura, que é para regular o setor da TVDE – para sabermos quantas viaturas existem no mercado - o exame para os motoristas do IMT, a plataforma baixar a sua comissão para igual para todos no setor, e a aprovação da lei na assembleia da república até novembro de 2024".
O presidente da Associação Nacional do Movimento TVDE sublinha que o exame para os motoristas deve-se a haver profissionais que vêm de outros países, onde o código da estrada e a sinalização são diferentes de Portugal.
Vítor Soares afirma que a falta de regulação do mercado leva a que não se saiba quantos motoristas TVDE existem e, por isso, não consegue dar uma estimativa de quantas pessoas se juntarão ao protesto desta segunda-feira. Ainda assim, o presidente da Associação Nacional do Movimento TVDE espera uma forte mobilização e acrescenta ainda que os profissionais de outras cidades vão participar. Por esta razão, é possível que o serviço sofra alguns constrangimentos em vários pontos do país.
Já Ricardo Luengo, que trouxe uma tenda e um colchão, disse que ficaria em greve de fome até o Governo dar uma data prevista para a revisão da lei da TVDE e quais as medidas imediatas que podem ser implementadas para as micro e médias empresas do setor.
