"PSD não disse que não faria acordos com o Chega." Costa pede respeito pela "vontade dos portugueses"
António Costa reitera que não irá interferir "na escolha do sucessor", mas considera que Pedro Nuno Santos "é indiscutivelmente um dos melhores quadros do partido".
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O primeiro-ministro, António Costa, disse este domingo que o populismo é "um vírus que contamina" e considera que Luís Montenegro não disse que o PSD não faria acordos com o Chega.
"O problema maior dos partidos populistas não é o peso eleitoral, mas o que condiciona os partidos mais próximos", afirma António Costa.
Criticando a atuação do PSD na reação à visita de Lula da Silva e comparando o socialismo ao populismo, o primeiro-ministro afirma que Luís Montenegro "não disse que não faria acordos com o Chega", na recente entrevista à CNN Portugal.
Em entrevista à RTP, o primeiro-ministro afirma que "mais importante do que fazer ou não acordos com o Chega, o PSD não se deve deixar contaminar".
Questionado sobre se Pedro Nuno Santos ainda pode ser o seu sucessor na liderança do PS, Costa diz que a política não é uma "corrida de 100 metros": "Quando se puser essa questão eu nunca indeferirei na escolha do meu sucessor. (...) O Pedro Nuno Santos é indiscutivelmente um dos melhores quadros do partido."
António Costa diz que comemora os 50 anos do Partido Socialista "com os olhos postos no futuro" e mantém a confiança de que não haverá eleições antecipadas, já que há um ano "os portugueses escolheram a estabilidade de quatro anos".
Para António Costa, apesar da guerra e da crise inflacionista decorrente do conflito, o PS tem de "cumprir" o que prometeu aos portugueses nas últimas eleições. Do ponto de vista económico, António Costa refere que "o país cresceu mais do que o previsto" e que existe "solidez na Segurança Social", acusando a oposição de "exercer mal o seu papel".
Sobre uma possível dissolução da Assembleia da República, o primeiro-ministro é taxativo: "Temos de nos habituar a respeitar a vontade dos portugueses."
"Há aqui uma enorme distinção entre a bolha mediática e aquilo que é a vida das pessoas", afirma o primeiro-ministro, afirmando que a maioria das pessoas nem responde às sondagens, porque "não está nem aí".
Pegando no gancho da TAP, António Costa acusa o PSD de criticar tudo o que o Governo faz, mas não apresentar propostas: "O que é que o PSD faria?" Ainda assim, o primeiro-ministro recusou-se a comentar a comissão parlamentar de inquérito à gestão da TAP, ainda que queira que se deve "apurar a verdade, doa a quem doer".
António Costa acusa Luís Montenegro de querer tornar cada depoimento na comissão de inquérito à TAP no "tema da semana", afirmando que essas sessões não devem ser utilizadas como "arma de arremesso político".
Retomando o tema da dissolução, António Costa diz que isso não faz parte da agenda do Governo, nem dos portugueses, sendo apenas da agenda de "uma certa direita".
Questionado sobre as várias manifestações que assolam o território português, António Costa diz que "as manifestações fazem parte da vida democrática" e que "estranho era se não houvesse descontentamento".
"Já vivemos há suficientes anos em democracia para não estarmos em constante sobressalto", concluiu o primeiro-ministro.