Depois das polémicas, Costa pede "mais exigência" na escolha de governantes e autarcas

António Costa
Chema Moya/EPA
A comissão nacional do PS está reunida este sábado. Costa quer mostrar trabalho em três meses, com mudanças na política de habitação.
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Em poucos segundos e apenas no final do discurso, António Costa não deixou passar as polémicas no Governo, que levaram à demissão de governantes, pedindo "mais exigência" aos socialistas, seja na escolha de autarcas ou de membros do Governo. Perante os socialistas, o primeiro-ministro admitiu ainda que 2023 "vai ser exigente" e quer mostrar obra em três meses.
Dois dias depois de o Governo ter aprovado, em Conselho de Ministros, um mecanismo de escrutínio aos futuros governantes, com 36 perguntas, o primeiro-ministro não se referiu ao documento, mas pediu atenção nas escolhas para cargos públicos.
"Exige-nos que em cada momento sejamos muito exigentes connosco próprios, porque nunca devemos esquecer todos aqueles que devemos honrar e devemos respeitar. E, por isso, da escolha de presidente de junta de freguesia à escolha de membros de Governo, nós temos de ser mesmo muito exigentes, muito mais exigentes, porque temos 50 anos de história e um património que temos de respeitar e saber honrar", disse.
Municipalização da educação: "É uma óbvia fantasia"
Antes, o primeiro-ministro centrou-se nas políticas de educação, numa altura em que os professores estão na rua, a manifestar-se contra o novo modelo de contratação. Costa sublinha que os professores "não podem andar com a casa às costas", é necessário um regime em que os professores "só saem da escola onde estão colocados se desejarem", como nas restantes profissões.
Já sobre a descentralização de competências, com os professores a criticarem a "municipalização da educação", o líder socialista volta a garantir que as autarquias não vão contratar docentes, falando até "numa fantasia".
"Em momento algum ficou previsto ou esteve em discussão na descentralização, qualquer transferência de competências para os municípios sobre o pessoal docente, desde a contratação ou gestão do pessoal docente. Nunca esteve previsto e é uma óbvia fantasia", atirou.
Costa dá três meses à ministra da Habitação para "encontrar mecanismos"
Além da educação e da saúde, António Costa também definiu metas para a habitação, pedindo resultados em três meses, depois de ter dado aval à criação do Ministério da Habitação, com a saída de Pedro Nuno Santos do Governo.
A ministra Marina Gonçalves ouviu o chefe de Governo exigir "trabalho e imediatismo" para responder a uma necessidade "que não é mais adiável".
"Temos de acelerar o que está previsto e criar novos instrumentos. Temos de dar respostas imediatas, porque o tempo é precioso. Portanto, temos de encontrar mecanismos, nem que sejam transitórios para responder a essa necessidade. Nos próximos três meses temos de ter novos instrumentos para dar resposta à política de habitação", desafiou.
Regionalização em 2024? Costa deixa nas mãos dos autarcas
A descentralização e a regionalização são metas do programa eleitoral do PS, e do programa de Governo, apesar de Luís Montenegro já ter garantido que é contra um referendo à regionalização, deixando os socialistas "sozinhos".
Na última comissão nacional, Costa admitiu que o referendo pode não ser em 2024. Agora, deixou a decisão na mãos autarcas, mas com avisos: "Se não querem avançar têm de explicar aos portugueses que damos o dito por não dito".
"Se os camaradas querem mesmo avançar na descentralização e na criação de reuniões então só há uma coisa a fazer: é cumprir com o que nos comprometemos com os portugueses no programa eleitoral e que consta do programa de Governo e avançarmos mesmo à integração destes serviços nas CCDR", acrescentou.
Nas primeiras palavras aos socialistas, António Costa começou por admitiu que o ano de 2023 "vai ser exigente", destacando as medidas implementadas pelo Governo para fazer frente à inflação.
António Costa reúne a comissão nacional do PS, depois das várias polémicas que marcaram as últimas semanas do Governo. O secretário-geral socialista abre a reunião com um discurso aberto à comunicação social.
Notícia atualizada às 17h38