Costa faz defesa de Guterres e fala em "responsabilidade" perante cenário internacional que "não vai ser bom"
Corpo do artigo
António Costa faz a defesa de António Guterres, lembra que Israel tem o direto a defender-se, mas não pode confundir o Hamas com o povo da Palestina. O primeiro-ministro reconhece que o cenário internacional vai interferir com a economia portuguesa, pelo que seria "irresponsável" gastar tudo, sem acautelar o futuro.
Antes dos elogios ao Orçamento para o próximo ano, bem como pelo pedido de aprovação (que está garantida pela maioria absoluta), foi pelo cenário internacional que António Costa começou o discurso, na comissão política do PS.
À guerra no leste da Europa, entre a Rússia e a Ucrânia, juntou-se o conflito no Médio Oriente. Para Costa, Israel deve defender-se, mas respeitando as regras.
"O direito à defesa tem de ser exercido no escrupuloso respeito pelo direito humanitário e pelo direito internacional. Não é possível confundir um grupo terrorista com o povo palestiniano", avisou.
E o primeiro-ministro aproveitou para fazer a defesa do secretário-geral da ONU, António Guterres, lembrando a ocupação indonésia de Timor-Leste, de 1975 a 1999, e o papel de Portugal, desde logo, do Governo liderado por Guterres.
"Se hoje Timor-Leste é um Estado independente, se em 1999 foi reconhecida a autodeterminação do povo de Timor-Leste é porque houve sempre coerência na defesa do direito internacional. E à frente dessa batalha esteve o atual secretário-geral das Nações Unidas, o nosso camarada António Guterres", disse, surgindo um grande aplauso pela plateia socialista.
Costa quer país "a contar com próprias forças"
A guerra foi o gatilho de Costa para falar sobre o país, defendendo que o próximo Orçamento do Estado é dos mais relevantes desde 2015, já que "o cenário internacional não vai ser bom". O primeiro-ministro avisa que "temos de contar com as nossas próprias forças".
"Próprias forças", que é como quem diz, continuar a política de contas certas e manter a redução da dívida, não tirando o foco do aumento dos salários e das pensões. Quanto à descida do IRS, uma bicada ao PSD.
"Não foi um amor de verão passageiro. Foi a prioridade da política fiscal que apresentámos na campanha eleitoral, quando outros diziam que a prioridade não era o IRS, mas o IRC", apontou.
Já sobre a política de contas certas, o primeiro-ministro fala numa "liberdade de fazermos o que é necessário, quando é mesmo necessário". No entanto, "significa também não gastar tudo, quando podemos não gastar tudo o que há para gastar".
"Podíamos gastar tudo agora, mas seria irresponsável em relação ao futuro, porque o país vai precisar de manter uma forte trajetória de investimento público", acrescentou.
SNS "não é um slogan" para o Governo
E, numa altura em que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) está num aparente caos, o primeiro-ministro defende a estratégia do Governo. E reforça, ainda, que apesar dos muitos milhões, o problema do SNS é de gestão.
"Para nós, o SNS não é um slogan. Foi o PS que criou o SNS. Foi o PS que defendeu o SNS. E é o PS que reforma o SNS, para proteger e garantir o futuro do SNS", argumento, recebendo vários aplausos.
O PS reúne este sábado a comissão nacional, para debater a atual situação política, mas não só. Os socialistas vão marcar o congresso do PS, para os dias 15, 16 e 17 de março de 2024, assim como a aprovação do regulamento das eleições diretas para o cargo de Secretário-Geral, que deverão acontecer três semanas antes do congresso.
António Costa será recandidato à liderança do PS, num mandato até 2026, ou seja, até ao final da atual legislatura, em que os socialistas detêm a maioria absoluta.
Na ordem de trabalhos consta também a marcação das datas e locais dos próximos congressos federativos, assim como a aprovação do regulamento para as eleições da presidente e da Comissão Política Nacional das Mulheres Socialistas.
