Costa ignora perguntas sobre escala na Hungria, mas visa países que "põem em causa" direitos
Sobre a polémica escala na Hungria, para assistir à final da Liga Europa, de António Costa, nem uma palavra.
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A polémica escala de António Costa na Hungria, para ver a final da Liga Europa ao lado de Viktor Orbán, mereceu a atenção de quase todos grupos parlamentares (só Chega e PCP não tocaram no assunto), mas o primeiro-ministro ignorou todas as perguntas.
No debate preparatório para o Conselho Europeu de 29 e 30 de junho, e depois de uma intervenção inicial centrada na ordem de trabalhos, António Costa ouviu atentamente as questões dos vários partidos, mas continua sem dar explicações, de viva voz, sobre a ida à Hungria.
Do lado do PSD, foi o deputado Miguel Santos a perguntar "o que anda a engendrar António Costa" com o primeiro-ministro húngaro. Já o Bloco de Esquerda, pela voz de Pedro Filipe Soares, "não quer saber se Costa foi a nado ou de Falcon", mas aponta-lhe sim "ter escolhido estar ao lado de alguém que representa o que representa na Europa".
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Sobre o caso, nem uma palavra. No entanto, quanto às sanções da União Europeia à Hungria e à Polónia por violarem direitos fundamentais, António Costa esclarece que a posição de Portugal é conhecida há muito tempo.
"A forma como Portugal entende a aplicação do Tratado de Lisboa, a países que põem em causa o Estado de Direito, como é o caso da Polónia e da Hungria, está enunciada e estabilizada há muito tempo. Posso reafirmar, porque às vezes podem-se ter esquecido", atirou, lembrando que Portugal apoia as sanções.
António Costa recorda que quando há indícios de que um país viola algum dos deveres fundamentais da União Europeia, designadamente o respeito pelo Estado de Direito, deve ser aberto um inquérito, sujeito a regras". Depois desse inquérito, "a UE pode aplicar as devidas sanções".
E, nesse sentido, António Costa aconselha a Comissão Europeia a não "arrastar os pés", avançando, efetivamente, com o processo sancionatório aos países que violam esses direitos.
"Aquilo que não se deve fazer é aquilo que se tem feito até agora, que é continuar a arrastar os pés e não dar sequência a processos que foram abertos precisamente durante a última presidência portuguesa", disse, referindo-se à presidência portuguesa da União Europeia no primeiro semestre de 2021.
De viva voz, António Costa ainda não se pronunciou. No entanto, em comunicado, o primeiro-ministro explicou que esteve na final da Liga Europa de futebol, em Budapeste, no passado dia 31, a convite da UEFA e ficou sentado ao lado do seu homólogo húngaro, Viktor Orbán, por "tratamento protocolar".