A comunidade de Cabo Verde em Lisboa recebeu a campanha socialista de braços abertos. Enquanto o almoço não era servido, António Costa prometeu medidas inteligentes que permitam abrir portas à imigração.
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A cachupa está ao lume na maior panela da Associação Caboverdeana. A receita está na ponta da língua de Mina, mas é a pitada de amor que a torna uma cachupa de verdade. O cheiro é intenso e a fome já aperta, mas enquanto o almoço apura, é hora de ouvir o líder do PS a falar de racismo, de integração e de imigração.
António Costa sente a "emoção" de regressar a este local, na Rua Duque de Palmela, bem no coração de Lisboa, com nostalgia dos tempos em que iniciou a sua atividade política. O país era diferente nessa altura. Não esquece esses tempos, mas o olhar está focado no futuro, no que é preciso fazer nos próximos anos.
Portugal, o fora de moda na imigração
O primeiro-ministro acredita que há um longo trabalho a fazer em relação aos imigrantes e mostra que Portugal precisa que cheguem pessoas ao país, até porque o mercado de trabalho tem lugar para os imigrantes.
"Está na moda em muitos países europeus dizer que não querem mais imigração, Portugal precisa de mais imigração e de mais estrangeiros a virem trabalhar para o nosso país", ressalva, frisando que são necessárias "medidas de imigração inteligentes que fixem imigrantes" em território.
Desta forma, Costa considera que "uma das primeiras alterações legislativas a fazer é acabar de uma vez por todas com essa absurda existência de quotas para fixação de contingentes laborais como condição para atribuição de autorizações de entrada e de residência no nosso país".
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"Se não conseguirmos juntar todos os estados da CPLP, iremos fazer acordos bilaterais com cada um dos estados que estiver disponível para assinar esse acordo de livre circulação entre Portugal e esses estados", anunciou o primeiro-ministro.
Costa recorda que "em todos os setores de atividade" Portugal precisa de "mais pessoas para trabalhar". "Não há associação empresarial que não nos sinalize sistematicamente a urgência de agilizarmos as autorizações para que as pessoas que desejam trabalhar em Portugal possam vir trabalhar para Portugal", afirma o primeiro-ministro.
Racismo tem sempre forma de se manifestar
Há um "trabalho permanente" a fazer em relação às políticas de imigração, mas também de combate ao racismo. "Não há nenhum povo imune ao racismo", admite, e "muitas vezes gostamos de dizer que Portugal não é racista", mas "o racismo existe da forma mais subliminar".
Como exemplo, Costa lembra o caso de Francisca Van Dunem e o facto de "só em 2015 [ter havido] um negro que se tornou membro de um Governo em Portugal".
O líder socialista continua, numa sala cheia e visivelmente agradada com o discurso, dizendo que "o racismo tem sempre uma ocasião para se poder manifestar", sendo um "trabalho inacabado" e que Portugal tem de ter como prioridade.
Na próxima legislatura, "separar o combate ao racismo da integração dos emigrantes" é um objetivo, bem como alterar a posição das polícias de fronteira.
Acabado o discurso, é hora de trazer a cachupa para a mesa. Apesar da "boa energia" de Costa, Mina não tem dúvidas de que a cachupa traz a energia de que Costa precisa para seguir caminho nesta campanha eleitoral.