António Costa quer focar-se na campanha com os portugueses, longe dos frente a frente com políticos e não dá resposta ao Bloco de Esquerda.
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No primeiro dia de campanha na rua, e ainda no rescaldo do debate a seis, António Costa quis pôr fim à polémica com Catarina Martins, depois de a coordenadora do Bloco de Esquerda ter falado sobre uma reunião pré-'Geringonça'. O socialista considera que a 'Geringonça' existiu apesar do Bloco, disse-o numa entrevista a Daniel Oliveira, e fez 'estalar' a polémica. A resposta de Catarina Martins aconteceu no debate, onde a bloquista referiu que "não se queimam pontes quando se querem fazer pontes".
"Não quero dar troco, está encerrado esse assunto, vamos aos assuntos que interessam aos portugueses", atirou o líder do PS durante a viagem de comboio entre Coina e Pragal, numa ação de campanha que começou em frente à Câmara Municipal do Barreiro, mesmo ao lado da sede socialista.
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O primeiro-ministro repetiu o que tinha dito ontem durante o debate, assegurando que tem "por hábito nunca falar em público das reuniões que não acontecem nem das reuniões que acontecem e que não são públicas". "Só falo das coisas que fazem parte das agendas públicas, o que não faz parte não confirmo nem desminto", reitera.
O secretário-geral do PS não quer "alimentar polémicas", até porque "a fase dos debates acabou" e agora "a campanha centra-se no diálogo concreto com os portugueses sobre os assuntos que interessam aos portugueses".
É, portanto, "uma boa oportunidade para deixarem de ser os políticos a falarem com os políticos para serem os políticos a falar com os cidadãos, que são aqueles que são donos do voto e decidem o futuro".
A viagem de comboio até ao Pragal
Num dia em que o foco da campanha socialista esteve nos transportes, António Costa chegou à Câmara Municipal do Barreiro pouco antes das 8h30 da manhã. Sorridente, juntou-se a Eduardo Cabrita e preparou-se para seguir caminho, num autocarro movido a gás e amigo do ambiente até à estação de comboios de Coina.
Aí, apanhou o comboio até ao Pragal. Durante a viagem "fugiu" do tema Catarina Martins, chamou à conversa os transportes sempre que pode e puxou dos galões em relação aos passes sociais conseguidos durante a legislatura.
Sentado ao lado de Ana Catarina Mendes, Costa contou a história de um passageiro que vivia no Barreiro e tinha os pais em Almada. "Por causa do custo do passe da Fertagus, ia de barco até Lisboa e voltava para trás para apanhar a camioneta até Almada. Hoje, felizmente, pode apanhar o autocarro até Coina, chega aqui ao Pragal e apanha o metro Sul do Tejo", sublinhou.
Feitas as contas, Costa refere que este cidadão poupou 120 euros, um valor mais elevado do que a subida do salário mínimo durante os últimos quatro anos de governação, relembrou o primeiro-ministro.
O primeiro-ministro acredita que a transformação agora conseguida "vai mudar rendimento das famílias, mas também a dinâmica intermunicipal".
Mais há mais... o ambiente
Costa não perdeu a oportunidade de "colar" os transportes ao ambiente e mostrou que este setor, além das questões sociais, é fundamental para o meio ambiente.
Sabemos bem que para travar até à década de 30 as alterações climáticas e não atingir o ponto de não retorno, temos de conseguir reduzir em 40% as emissões no setor dos transportes, que representa 25% de todas as emissões
A promessa à Filipa e à Carmita
Houve beijinhos, abraços e, claro, um café para o primeiro-ministro à saída da estação do Pragal, no Ponto do Café. Carmita agarrou nos braços do primeiro-ministro e tinha um desabafo em jeito de pedido: "Trabalho há 50 anos, tenho 62 e vou precisar da reforma... e vou votar em si."
Depois de ter referido que seria "muito penalizada" ao pedir a reforma, Costa explicou que "com as novas carreiras contributivas não [seria]". "Tem de se ir informar", aconselhou.
"Tira dois cafés, Deolinda." O café estava cercado com a comitiva do PS, as funcionárias brincaram com Costa, prometeram votos e até "dizer ao patrão" em quem votar. Da parte do líder do PS, a promessa: voltar se ganhar as eleições. E nem é preciso deixar o número de telemóvel. Basta a palavra: "Fica prometido à Filipa e à Carmita."