Costa salienta "enorme dívida de gratidão" de Portugal para com Ribeiro Telles
Chefe de Governo diz que as ideias defendidas por Ribeiro Telles há 50 anos eram "então consideradas utópicas são hoje comummente aceites".
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O primeiro-ministro considerou hoje que o país tem para com Gonçalo Ribeiro Telles uma "enorme dívida de gratidão" e que a sua morte é uma "perda inestimável", manifestando-se confiante que o legado do arquiteto paisagista perdurará.
Gonçalo Pereira Ribeiro Telles, figura pioneira da arquitetura paisagista em Portugal, morreu hoje à tarde, na sua casa, em Lisboa, aos 98 anos, disse à Lusa fonte próxima da família.
"O país tem para com Gonçalo Ribeiro Telles uma enorme dívida de gratidão, quer no lançamento das bases da política ambiental em Portugal, quer no desenvolvimento de uma consciência ecológica", escreve António Costa numa mensagem publicada na sua conta pessoal na rede social Twitter.
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Na mesma mensagem, o primeiro-ministro considera que Gonçalo Ribeiro Telles foi "um homem à frente do seu tempo".
"As ideias que defendia há 50 anos e eram então consideradas utópicas são hoje comummente aceites. A sua perda é inestimável. O seu legado, felizmente, perdura, e somos todos seus beneficiários", acrescenta o líder do executivo.
O Governo decidiu decretar um dia de luto nacional, na quinta-feira, pela morte do arquiteto paisagista e fundador do PPM (Partido Popular Monárquico), Gonçalo Ribeiro Telles.
Nascido em 25 de maio de 1922, em Lisboa, Gonçalo Ribeiro Telles idealizou os chamados "corredores verdes" da capital e concebeu os jardins da Fundação Calouste Gulbenkian, em conjunto com o arquiteto António Viana Barreto.
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Em 26 de junho passado, o primeiro-ministro homenageou o arquiteto Gonçalo Ribeiro Telles, durante a cerimónia de inauguração da nova Casa dos Vinte e Quatro, antiga Assembleia Municipal de Lisboa, considerando que o fundador e líder histórico do PPM foi uma figura inspiradora e transformadora de Portugal.
"A Casa dos Vinte e Quatro foi durante muito tempo aquilo que hoje chamamos a Assembleia Municipal de Lisboa, mas estar aqui é também uma oportunidade para prestar homenagem ao arquiteto Gonçalo Ribeiro Telles, uma grande figura do país e não apenas da cidade", declarou António Costa, tendo a escutá-lo o cardeal patriarca D. Manuel Clemente, D. Duarte Pio, além do presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina.
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No breve discurso que proferiu, António Costa referiu-se ao arquiteto paisagista como "uma figura inspiradora e transformadora do país, assim como do pensamento em Portugal", apontando depois, entre outros exemplos, a autoria "de obras maravilhosas publicadas sobre a floresta".
"Teve um conjunto de ideias magnífico"
O ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, destaca que apesar de nem sempre ter sido bem compreendido, Gonçalo Ribeiro Telles fez e deixou muita obra importante.
"O arquiteto Gonçalo Ribeiro Telles fez escola, teve um conjunto de ideias magnífico, ainda que nem sempre entendido no momento certo, e deixou não só obra como projetista - lembro sempre, por exemplo, o jardim da Fundação Calouste Gulbenkian - como deixou obra como planeador do território", explicou à TSF João Matos Fernandes.
O governante recordou também as obras mais emblemáticas do arquiteto.
"Há duas particularmente marcantes, o jardim da Fundação Calouste Gulbenkian e o Cabeço das Rolas na Expo, em Lisboa, porque foram, de facto, obras muito inovadoras. Os jardins foram sempre a imagem do paraíso, o paraíso da bíblia é o jardim, foi assim que o aprendemos. Por isso, a junção de todos os elementos naturais, a forma como a água está presente e como se cria um espaço que parece grande não sendo. É um jardim magnífico", acrescentou o ministro do Ambiente.