Presidente da IL fez questão de desdramatizar o chumbo do seu nome, explicando que a opção de não reapresentar qualquer nome para a segunda votação se prendeu com o facto de "quem não tem confiança à primeira não terá certamente à segunda".
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O presidente da Iniciativa Liberal, João Cotrim Figueiredo, desvalorizou esta quinta-feira o chumbo do seu nome para a vice-presidência da Assembleia da República, considerando que os grandes partidos parecem não querer ver que o mundo está a mudar.
Os candidatos indicados pelo Chega e pela Iniciativa Liberal para vice-presidentes da Assembleia da República, Diogo Pacheco de Amorim e João Cotrim Figueiredo, respetivamente, falharam hoje a eleição para o cargo, tendo os liberais decidido não reapresentar qualquer nome para nova votação.
Em declarações aos jornalistas depois de conhecidos estes resultados, João Cotrim Figueiredo fez questão de desdramatizar o chumbo do seu nome, explicando que a opção de não reapresentar qualquer nome para a segunda votação se prendeu com o facto de "quem não tem confiança à primeira não terá certamente à segunda".
O presidente liberal quis também "tranquilizar aqueles que votaram na IL" já que o cargo de vice-presidente do parlamento "era uma função com relevo institucional, mas não tem importância política" para o projeto do partido, não representando por isso "um retrocesso".
"Dá-nos mais força para perceber que vamos ter uma Assembleia da República com uma mesa composta exclusivamente pelos partidos de sempre e pelos grandes partidos que parecem não quererem ver que o mundo à sua volta está a mudar e o panorama político à sua volta também está a mudar", afirmou.
Assumindo como "uma derrota pessoal", Cotrim Figueiredo respondeu aos jornalistas que "se há outros motivos políticos, mais estratégicos da parte desses partidos grandes para evitar essa eleição" será preciso perguntar a essas mesmas forças políticas.
"Registamos o resultado, os senhores terão possibilidade de saber que partidos tiveram ou não oportunidade de manifestar confiança nesta candidatura. Para nós dá-nos mais força para continuar um trajeto que sabemos parece não agradar aos partidos do sistema", enfatizou.
Questionado sobre se este chumbo do seu nome poderia ser consequência das posições que assumiu nas últimas conferências de líderes, o presidente da Iniciativa Liberal respondeu que isso não consegue dizer.
"Consigo dizer que mesmo que tivesse tido noção que isso ia ter esse impacto, teria feito exatamente as mesmas defesas das mesmas posições porque são as coisas em que acreditamos", assegurou.
Sobre se a decisão de não ter apresentado de novo um nome do partido para a repetição da eleição era para a legislatura toda, Cotrim Figueiredo deixou claro que agora foi assim determinado, mas que "se outros condicionamentos políticos no futuro se alterarem", os liberais terão "sempre a possibilidade de alterar também" o seu posicionamento.
"Deixar de defender aquilo em que acreditamos para ter um cargo institucional, isso é que era desistir. Isto é apenas sujeitar-nos democraticamente à vontade maioritária da assembleia", respondeu.
Questionado sobre o que é que falhou nesta votação, o deputado liberal respondeu: "não sei. É um bom trabalho jornalístico para vós. É um desafio que vos deixo".
Sublinhando que não havia nenhum acordo prévio para a sua eleição, Cotrim Figueiredo admitiu que "nos últimos dias" começou a achar "que havia uma possibilidade de não ser eleito".
"Este partido sabe ler o ambiente político, as pessoas que aqui estão no parlamento sabem ler o ambiente político e essa possibilidade existia. É irrelevante se foi surpreendente ou não. O que é significativo é que uma maioria da Assembleia da República decidiu não atribuir suficiente confiança ou reconhecimento do trabalho feito à candidatura da IL. É legítimo, está aceite, não vamos fazer disso um assunto. Vamos desdramatizar, eu queria que este assunto acabasse aqui. É normalíssimo o que aconteceu aqui", desvalorizou.
O presidente liberal quis sublinhar que, olhando para a mesa do parlamento, "o presidente, os vice-presidentes, os secretários, os vice-secretários pertencem todos sem exceção a dois partidos", perguntando se "se isso reflete aquilo que nos últimos anos se tem passado na cena política em Portugal".