Governo alerta para 1300 casos diários daqui a uma semana. Investigador desdramatiza e explica que números já revelam sinais de abrandamento.
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O aumento de casos de Covid-19 das últimas semanas, em Portugal, está a ser "muito lento"e pode estar perto de atingir um pico. A convicção é de Carlos Antunes, matemático e perito da equipa da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa que tem colaborado com as autoridades de saúde durante a pandemia.
Esta quinta-feira, após a reunião do Conselho de Ministros, a Ministra da Saúde, Marta Temido, informou que o país vai continuar em estado de alerta devido ao agravamento da situação epidemiológica e que prevê-se que o país atinja os 1300 casos diários a 7 de novembro.
Carlos Antunes compreende a previsão, mas explica que a situação não é preocupante.
O aumento de infetados aconteceu sobretudo nos jovens dos 18 aos 25 anos, coincidindo com o regresso às aulas no ensino superior e a abertura de bares e discotecas a 1 de outubro.
No entanto, no cenário geral de todo do país, o aumento tem sido "muito lento": "Estamos a aumentar, no último mês, a um ritmo médio de 1,3% ao dia o que significa que são necessários 55 dias para duplicar os casos."
Carlos Antunes detalha que no início de outubro o país tinha cerca de 550 casos, em média, por dia, e hoje são perto de 800, pelo que "subimos muito pouco no espaço de um mês, algo completamente contrário ao que aconteceu há um ano, pois nesta altura de 2020 já estávamos com 4000 casos diários".
O crescimento dos contágios foi potenciado pelo facto de muitos jovens ainda não terem a vacinação completa, mas entretanto essa imunidade extra já foi administrada e o investigador encontra sinais de abrandamento dos contágios, mesmo nestas idades.
"Não estamos numa situação preocupante porque o aumento ocorre em grupos onde não existe um quadro de gravidade e aparentemente esse aumento nesse grupo mais jovem também está a estabilizar", refere.
Finalmente, "em termos regionais, as duas regiões com maiores subidas - Centro e Lisboa e Vale do Tejo - também estão a atingir o pico dessa onda epidémica", conclui Carlos Antunes.